A importância da multidão

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Há muita gente ainda disposta a apoiar o presidente, mesmo que isso lhes custe a vida

Já fui informado de que os participantes da manifestação de 1º de maio em favor de Bolsonaro não são tantos assim: são os privilegiados e os seus empregados. Ou que eram todos idiotas, incapazes de perceber que, ao sair às ruas para defender quem não merece defesa, se arriscaram a pegar Covid.

Pode ser, embora improvável. Mas não tem a menor importância. O fato é que as manifestações mostraram que há muita gente disposta a se mover em defesa de Bolsonaro. Podem ser idiotas, mastigar cloroquina, babar na gravata, mas todos votam, e o voto de cada um vale exatamente o mesmo que o voto do mais eminente cientista brasileiro. Isso é o que importa: quem quiser derrotar Bolsonaro não precisa nem deve perder tempo desqualificando seus eleitores. Precisa apenas obter mais votos do que ele.

Este colunista não acredita nos números divulgados. Milhões na avenida Paulista? Como, se ali, amontoados em seis pessoas por metro quadrado, não coubessem no máximo 600 mil pessoas? Mas isso também não importa: era muita gente. Equivocam-se por pedir uma ditadura? Sim – mas para impedir que reelejam seu candidato a ditador é preciso reconhecer que são muitos e que é preciso reunir mais votos que os deles. Democracia é simples assim.

Trump teve mais votos que qualquer presidente na história americana. Perdeu porque os democratas se organizaram para ter ainda mais votos.

As manifestações podem ser úteis à oposição: basta aprender com elas.

Rota de choque

De um lado, gente nas ruas pedindo o golpe; de outro, a CPI da Covid em que Bolsonaro não tem como se sair bem. E investigações sobre seu filho 01, o senador Flávio, com rachadinhas, dinheiro difícil de explicar, milicianos por todos os lados. Até onde Bolsonaro irá para salvar o filho e explicar sua própria atuação na pandemia? Terá apoio militar para salvar as aparências? Bolsonaro depende do Centrão, que é caro; logo terá de reabrir ministérios que fechou para dar mais cargos aos aliados. Há a inconstância do presidente: promete reduzir a zero o desmatamento na Amazônia, no dia seguinte corta as verbas para a fiscalização; briga com a China, nosso maior mercado; consegue paralisar o acordo Europa-Mercosul, que levou vinte anos sendo negociado. Como sair de todos esses problemas sem ir para o tudo ou nada?

Tem apoio, mas…

Havia muita gente nas ruas em apoio a Bolsonaro no dia 1º de maio. Mas a pesquisa da CNI, Confederação Nacional da Indústria, indica que 89% da população consideram que a situação da pandemia é grave ou muito grave. É uma piora de nove pontos percentuais de um ano para cá. Para 4%, apenas, a situação da pandemia não é tão grave assim: está sob controle.

…a morte vota

Uma pesquisa nacional, em todos os municípios brasileiros, mostra que onde Bolsonaro teve maioria clara de votos a Covid matou porcentagem maior da população. Os eleitores do presidente seguiram seu exemplo: não ligaram para as aglomerações, não usaram máscara. Morreram em massa. É um levantamento da maior importância.

Insaciáveis

A Câmara dos Deputados estuda como permitir que empresas possam, de novo, financiar campanhas eleitorais. Nada contra – só que o financiamento público de campanha, com valores milionários, continuaria em vigor. É mais dinheiro para quem já recebe bem mais do que o suficiente.

Novidade na praça

O jornalista Marcos de Vasconcellos, editor do site Monitor do mercado, apresenta um novo serviço: o Monitor investimentos, escritório de agentes autônomos de investimentos que, contratado pelo BTG Pactual, ajuda os investidores a encontrar oportunidades de mercado.

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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