Além do aço: como a guerra comercial de Trump pode abalar o agronegócio do Brasil

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Trump aumenta taxas sobre aço brasileiro, e o agro treme: quem será o próximo alvo? O temor é que soja e carne entrem na mira

O protecionismo de Trump e o temor do agro brasileiro
A decisão do ex-presidente americano Donald Trump de impor tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio acionou um sinal vermelho no agronegócio brasileiro. Com os EUA como principal destino do aço nacional em 2022, parlamentares e líderes do setor temem que a estratégia protecionista se estenda a produtos como soja, milho e carne bovina – itens vitais para a balança comercial do Brasil.

Aço na mira: o impacto imediato
A medida, anunciada nesta terça-feira (11), atinge diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024, atrás apenas do Canadá. Dados do Instituto Aço Brasil revelam que, em 2022, quase metade (49%) das exportações brasileiras do produto tinham destino americano. A taxação ameaça setores já pressionados por custos logísticos e concorrência global, mas o temor maior está no horizonte.

Pedro Lupion e o alerta da bancada ruralista
Líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Pedro Lupion (PP-PR) admitiu o receio de que o movimento de Trump seja um “convite” para novas barreiras. “É natural temer. O Partido Republicano é historicamente protecionista”, afirmou, lembrando as tensões comerciais com México e Canadá. A cautela, porém, é visível: Lupion evitou criticar Trump, reflexo da proximidade entre o agro brasileiro e Jair Bolsonaro, aliado do republicano.

Soja, milho e carne: a tríade vulnerável
Se as tarifas avançarem para o campo, o Brasil pode enfrentar um terremoto econômico. Soja (30% das exportações agrícolas), milho (15%) e carne bovina (8%) dependem fortemente do mercado externo. Em 2023, os EUA foram o segundo maior comprador da carne brasileira, adquirindo 227 mil toneladas. Uma taxação sobre esses produtos inviabilizaria preços e deslocaria o Brasil para concorrentes como Argentina e Austrália.

A estratégia de Trump: bravata ou ameaça real?
Analistas avaliam que a medida tem duplo objetivo: agradar à base eleitoral industrial e forçar acordos comerciais vantajosos. “Trump usa o protecionismo como arma de negociação. O risco é o Brasil entrar nessa roleta sem estratégia clara”, explica um economista do setor. Em 2024, o Canadá já superou o Brasil no fornecimento de aço aos EUA, indicando que o país pode buscar alternativas caso as tensões escalem.

O jogo político por trás das tarifas
A bancada ruralista caminha sobre gelo. Criticar Trump pode prejudicar laços com setores conservadores brasileiros e internacionais, mas calar-se implica riscos econômicos. Enquanto isso, o governo Lula mantém silêncio público, priorizando diálogo discreto por canais diplomáticos. O desafio é equilibrar relações com um possível futuro governo Trump e a defesa de interesses nacionais.

Um futuro incerto para o campo e a indústria
A escalada protecionista coloca o Brasil em uma encruzilhada: como proteger setores estratégicos sem retaliar e prejudicar outras cadeias? Enquanto o Ministério da Agricultura estuda alternativas, como diversificação de mercados e acordos com Ásia e Oriente Médio, o recado é claro – na guerra comercial de Trump, ninguém está totalmente seguro.

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