A missão mais importante do novo governo será pacificar o país
Como vários analistas políticos têm salientado, o terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva não será nada fácil. Se no primeiro governo ele encontrou a economia estabilizada e o cenário internacional favorável ao Brasil, dessa vez terá muitas batatas quentes para descascar.
A eleição deste ano foi a mais apertada da História nacional, com diferença de 1,8% de votos entre os dois candidatos no segundo turno. Lula obteve 60.345.999 dos votos válidos (50,90% do total), enquanto Jair Bolsonaro teve 58.206.354 (49,10%). Apesar da derrota, o atual presidente conseguiu165.797 votos a mais que em 2018, quando derrotou Fernando Haddad com 55% de vantagem nas urnas.
Diante desse quadro, Lula terá contra si quase metade do eleitorado. Ou seja, aqueles quevotaram em Bolsonaro. A exemplo do candidato do PL, que não teve a grandeza de parabenizar o vencedor, parte desses eleitores ainda não digeriu a derrota nas urnas. Como vivandeiras de quartel, ameaçam a estabilidade institucional, fechando estradas e pedindo intervenção militar.
Também vale destacar que os conservadores serão maioria no Congresso Nacional, o que demandará grande capacidade de negociaçãopor parte de Lula e seus aliados. E há que se levar em conta os governadores aliados deBolsonaro, particularmente os de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Que prevaleça o espírito republicano!
Teto de gastos
No âmbito internacional, desenha-se uma grave recessão, principalmente devido àpandemia de Covid-19 e à guerra entre Rússia e Ucrânia. Há de se observar principalmente a crise nos países vizinhos, a maioria governada pela esquerda – muito embora o Brasil viva momentos de queda da inflação, aumento do PIB e diminuição do desemprego em vários setores.
Mal comemorou a vitória, Lula já cogitaaumentar o número de ministérios, o queelevará os gastos com a máquina pública. Talvez por isso ele tenha se posicionado contra o teto de gastos, durante a campanha.O mais grave, no entanto, é querer sepultar a reforma trabalhista e interromper as privatizações. O resultado seria desastroso, devido à fuga de capitais.
Contudo, nada justifica a resistência de bolsonaristas, que insistem na tese da fraude eleitoral. A democracia é regida pelo respeito à vontade da maioria e não há nenhuma prova de manipulação das urnas eletrônicas. Até porque ninguém em sã consciência faria isso para conseguir um percentual mínimo dediferença de votos numa eleição tão polarizada.
Democracia exige maturidade, resiliência, capacidade de negociação, respeito às leis e aos adversários. Por mais que tenha prometido céu e terra àqueles que o elegeram, Lula dificilmente conseguirá agradar a gregos e troianos dentro do próprio governo. Por outro lado, boa parte daqueles que o escolheram votaram contra Bolsonaro, e não na agenda política do PT. A missão mais importante do novo governo será pacificar o país.
Originalmente no Dom Total
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