Bolsonaristas disseram que as imagens da avenida Paulista, no dia 29, foram de atos de 2016 de quando a militância foi às ruas contra o impeachment da Dilma
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentaram emplacar nas redes sociais e em aplicativos de mensagens neste domingo (30) a ideia de que imagens da manifestação de sábado (29) com milhares de pessoas na avenida Paulista, em São Paulo, seriam de atos de 2016, quando a militância pró-governo Dilma Rousseff (PT) foi às ruas contra o impeachment.
As fotos da manifestação foram tiradas de contexto, remetendo a 2016. Até reproduções de publicações antigas foram modificadas. Uma tela disseminada em grupos de WhatsApp por bolsonaristas mostra um artigo publicado no site Esquerda Diário, em 2016, com a suposta mesma imagem que circula sobre o ato de anteontem. Entretanto, é possível identificar nas imagens faixas contra Bolsonaro e o boneco inflado gigante em que o presidente é representado como a morte.
Atos em defesa do impeachment de Bolsonaro, da vacinação e da retomada do auxílio emergencial de R$ 600 foram registrados em mais de 200 cidades no País e no exterior, na maior manifestação contra o governo desde o início da pandemia.
Pressionados pelas mobilizações em defesa do governo federal nas últimas semanas, líderes de movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de oposição decidiram abandonar o “fique em casa” e ir às ruas em “protestos seguros”, com recomendação para o uso de máscaras (houve distribuição em parte das manifestações inclusive) e instruções para manter o distanciamento social. O cuidado, entretanto, não impediu aglomerações em diversos municípios. Dezenas de milhares de pessoas participaram dos protestos.
Enquanto Bolsonaro, sem citar as manifestações, publicou em suas mídias sociais uma foto sua segurando uma camiseta com os dizeres “imorrível, imbroxável, incomível”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou se pronunciar. Líder nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial em 2022, ele não participou dos atos e nenhuma menção foi publicada em suas redes sociais a despeito do apoio de seu partido à mobilização.
Indenização
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), acionou a Procuradoria-Geral do Estado para, em conjunto com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, iniciar um processo de indenização das vítimas feridas gravemente por balas de borracha na ação da Polícia Militar para dispersar a multidão durante os protestos contra Bolsonaro no Recife. Dois homens que não participavam dos atos acabaram feridos no rosto; um deles perdeu o globo ocular, terá de passar por cirurgia e usar uma prótese.
O comandante da ação da PM e outros policiais envolvidos nos episódios violentos foram afastados e há uma investigação em andamento. O governador negou ter autorizado o uso de bombas de efeito moral, balas de borracha e gás de pimenta. Uma vereadora foi alvejada com spray de pimenta no rosto.
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