Armas nucleares sofre desaceleração mundial em 2020

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Essa tendência é observada tanto na Rússia quanto nos Estados Unidos, que têm mais de 90% das armas nucleares do planeta

O declínio das armas nucleares em todo o mundo desde o fim da Guerra Fria sofreu uma desaceleração em 2020, conforme as potências atômicas se modernizaram e, em alguns casos, expandiram seus arsenais, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira (domingo, 13, no Brasil).

No início de 2021, as nove nações equipadas com “a bomba” (Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coréia do Norte) tinham 13.080 armas nucleares, 320 a menos do que no início de 2020, segundo cálculos do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri).

O número, porém, inclui ogivas que aguardam a desmontagem. Se forem descartadas, o estoque de armas nucleares aumentou de 9.380 para 9.620 no período.

A quantidade de armas nucleares efetivamente implantadas em mísseis ou dentro das forças operacionais também aumentou, subindo em 105 unidades em um ano, para 3.825 ogivas. Das quais 2 mil estão em “estado de alerta operacional elevado”, ou seja, podem ser lançados em poucos minutos.

Desde seu ponto mais alto em 1986 (mais de 70 mil ogivas), o número de armas atômicas caiu drasticamente, baixando por exemplo de 22.600 unidades em 2010 (das quais cerca de 7.500 estavam operacionais na época), de acordo com dados do Sipri. O total de 2021 é aparentemente o mais baixo desde o final dos anos 1950.

Mas “as reduções nos arsenais nucleares, às quais estamos acostumados desde o fim da Guerra Fria, parecem fazer uma pausa”, afirmou Hans Kristensen, pesquisador do Sipri.

“Estamos observando programas de modernização nuclear muito importantes em todo o mundo e em todos os Estados que possuem armas nucleares”, destacou ele, com “um aumento significativo das armas nucleares em suas estratégias militares”.

Essa tendência é observada tanto na Rússia quanto nos Estados Unidos, que têm mais de 90% das armas nucleares do planeta: 6.255 (-120) e 5.550 (-250), respectivamente, segundo o Sipri.

Embora ambas as potências tenham continuado com o desmantelamento de ogivas que não estavam mais operacionais, no início de 2021 elas tinham cerca de 50 a mais em “implantação operacional” do que no ano anterior.

O tratado assinado entre Moscou e Washington, o “New START” – que visa manter seus arsenais nucleares abaixo do nível da Guerra Fria – foi prorrogado no último minuto por cinco anos, no começo deste ano.

Preocupações

Essa extensão é importante “para criar estabilidade”, enfatizou Kristensen, considerando que outros acordos, como o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), expiraram nos últimos anos.

Porém, o novo governo Biden “indica muito claramente que continuará com a maior parte do programa de modernização nuclear que estava em andamento durante os anos Trump”, apontou o pesquisador.

De acordo com um relatório da Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (ICAN) publicado no início de junho, as potências atômicas destinaram 72 bilhões de dólares a seus arsenais em 2020, um aumento de 1,4 bilhão.

Pelos cálculos do Sipri, a China tinha 350 ogivas nucleares (+30) no começo de 2021, superando as 290 da França (estável), 225 do Reino Unido (+10), 165 do Paquistão (+5), 156 da Índia (+6) e 90 de Israel (estável).

Em relação à última potência nuclear até o momento, a Coreia do Norte, o instituto de pesquisa sueco acredita que o país poderia construir de 40 a 50 ogivas com o material físsil produzido pelo regime, mas que seu número real permanece “muito impreciso”.

Em agosto, os membros do Tratado de Não Proliferação (TNP), que reúne a maioria dos países do mundo, devem se reunir em Nova York para uma revisão quinquenal.

AFP

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