As armas e os ladrões assinalados

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Questão do porte de arma vai muito além de liberdade

Digamos que aquele senhor bolsonarista que invadiu a festa de 50 anos do petista não andasse armado. Talvez chutasse o petista; talvez tomasse uma surra dos convidados; ou, mais provável, talvez não se animasse a invadir a festa de outro, limitando as agressões aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”. Mas aconteceu que ele tinha uma arma. A tragédia se seguiu. Um foi morto, outro seriamente ferido (e, se tudo correr bem, estará recuperado para enfrentar um julgamento e uma pena de prisão). Eduardo “Bananinha” Bolsonaro louva as armas, talvez porque o façam sentir-se um Bananão. Mas, para ele, arma é brincadeira de campanha, ou uma cobertura de glacê no bolo de aniversário.

“Oh, mas os homens de bem precisam estar armados para defender-se dos bandidos”. Pois é: o senhor bolsonarista que matou uma pessoa para puni-la por admirar um adversário político era um homem de bem, sim ou não? Se era, o argumento perde o sentido: a arma o fez deixar de ser um homem de bem. Se não era, como é que conseguiu licença e porte? Nesse caso, a culpa é de um governo preocupado em armar a população e não em alimentá-la.

Mas em outros casos a arma é eficiente para defender os homens de bem?

O capitão Bolsonaro, treinado no Exército, armado com uma pistola que, dizem os especialistas, é de ótima qualidade, montado numa boa moto, foi certa vez assaltado por outro motociclista. Levou-lhe o dinheiro, a moto e a arma. Quem precisa defender os homens de bem é a polícia, não o trezoitão.

A vida de todos

A questão não é a liberdade de possuir ou portar armas: há países onde as armas são liberadas em que o cidadão pode ficar tranquilo; há países em que as armas individuais são raras, e não é por isso que os homens de bem ficam desprotegidos. No Japão é difícil ter licença para comprar armas; na Suíça e em Israel os cidadãos que cumpriram serviço militar têm obrigatoriamente a posse de armas de guerra. Nos três países há poucos casos de roubos, furtos e homicídios. E, nos três países, há policiamento eficiente. As pessoas estão seguras não porque estejam armadas, mas porque o país é seguro.

Questão de decoro

Mas, afinal de contas, que é que Bolsonaro tem a ver com o crime? Tudo: está sempre pronto a recomendar a guerra aos adversários. Já dizia, antes de ser candidato à Presidência, que Fernando Henrique Cardoso deveria ter sido fuzilado, que a ditadura militar (que ele não chamava de ditadura) falhou ao não matar pelo menos 30 mil pessoas. Há pouco tempo, no Acre, pegou um tripé de câmara, empunhando-o como se fosse arma, fingiu atirar, gritando “tataratatá”, e dizendo que era preciso “fuzilar a petralhada” e expulsar seus adversários para a Venezuela. Não está sozinho na criação do clima ruim: o adversário já ameaçou “botar o exército de Stedile nas ruas”, referindo-se a invasores de terras agrupados no MST. Como presidente, asilou no Brasil um assassino a serviço do grupo Proletários Armados pelo Comunismo.

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