As duas faces da perversidade da ultra direita: neoliberalismo + moralismo

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Acontecimentos relacionados com a postura moralista da extrema direita revelam a banalização da violência

Os últimos acontecimentos foram muito reveladores das faces perversas da ultradireita.

O assassinato de Bruno e Dom no Vale do Javari, em plena floresta Amazônia seguido dos discursos de desconfiança quanto à idoneidade do trabalho de indigenistas e outros protetores dos dirietos das comunidades originárias protagonizado por Bolsonaro.

O cárcere a que foi submetida a menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada, seguida pela negativa da juíza do caso, em reconhecer o erro de sua decisão.

As agressões perpetradas pelo procurador da prefeitura de Registro, São Paulo, contra sua colega de trabalho, a procuradora Gabriela Samadello Monteiro de Barros, e a negativa do delegado em prendê-lo em flagrante.

A revelação de informações sigilosas da atriz global que buscava viabilizar a adoção de filho, também oriundo de estupro, tudo dentro da legalidade, que foram vazadas por reporter seguido de um linchamento nas redes.

A omissão do Presidente frente à postura assediadora e desrespeitosa do seu assessor e ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Bolsonaro não falou nada.

Todos acontecimentos relacionados com a postura moralista da extrema direita, que revelam a banalização da violência, principalmente a violência de gênero. Relacionados também com o debate inviezado que a extrema direita faz sobre o aborto, sempre optando pela vida do feto em detrimento da vida da mãe, em geral pobre, periférica, em alguns casos criança. Acontecimentos e reações que têm tornado nosso dia-a-dia, mas principalmente o dia-a-dia de mulheres, negros e negras, moradoras de periferia, ainda mais violento e precário.

Não bastasse o desastre econômico gerado pelo aprofundamento das políticas neoliberais, a população ainda padece desses males – digamos – culturais, que a extrema direita faz questão de legitimar e reproduzir, banalizando o patriarcado, o racismo, além da homofobia, transfobia, LGBTQIA+fobia e o ódio de classe.

Na outra face, do desastre econômico, frente à proximidade das eleições, tem mudado a postura do (des)governo Bolsonaro.

Uma PEC está em debate para viabilizar um pacote de 40 bilhões de reais de apoio direto à população, após 3 anos de arrocho.

Por certo que se trata de uma medida eleitoreira do governo. Uma medida, esta sim, populista e irresponsável, pois não condiz com as outras medidas tomadas pelo ministério da economia desde 2019, com a destruição do minha casa minha vida, não valorização do salário mínimo, aumento dos juros e redução drástica do investimento. Por ser contraditória, uma medida que gera insegurança e corrói a credibilidade econômica do país.

Entretanto, é impossível deixar de perceber que a população realmente vive uma situação de emergência que exige medidas como tais. Independente dos reclames dos comentaristas econômicos da GloboNews (afinal eles não falam pelo povo).

Portanto, quem sempre criticou o teto de gastos por ser uma medida que exclui o povo do orçamento, como o fez a esquerda, não poderia deixar de apoiar o referido pacote de bondades, por mais que seja eleitoreiro e gere problemas fiscais.

Esta face neoliberal da ultradireita teve que ser flexibilizada, pois a realidade de sofrimento bateu à porta das intenções de voto.

Isso revela o quanto os defensores do neoliberalismo pouco se importam com as vidas das pessoas, assim como quem é contra o aborto.

Por outro lado, mostra com nitidez o quanto vivemos sob um governo perverso, cruel, assim como toda a ultra direita.(por Marcel Farah)

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