O presidente russo antecipou sua viagem à China defendendo o “respeito mútuo” entre as nações
O presidente russo, Vladimir Putin, preparou o terreno para sua visita de Estado à China elogiando os esforços de Moscou e Pequim para construir uma “ordem mundial justa e multipolar”. Em contraste, Putin acusou os líderes ocidentais de tentar manter a dominação global desconsiderando os interesses soberanos de outros países.
Em uma entrevista à agência de notícias Xinhua publicada na terça-feira, Putin disse que ele e o presidente chinês Xi Jinping alcançaram as relações mais fortes entre Rússia e China na história, baseando-se “nos princípios de igualdade e confiança”, bem como no respeito mútuo pelos interesses soberanos de cada nação. Ele contrastou essa abordagem com as atitudes ocidentais em relação a outras nações.
“A Terra é o berço da humanidade, nosso lar comum, e somos todos iguais como seus habitantes,” disse Putin. “Estou convencido de que essa visão é compartilhada pela maioria das pessoas no planeta.”
Ele acrescentou, no entanto, que “as elites ocidentais lideradas pelos Estados Unidos se recusam a respeitar a diversidade civilizacional e cultural e rejeitam valores tradicionais centenários,” e “usurparam o direito de dizer a outras nações com quem elas podem – ou não podem – fazer amizade e cooperar.”
“Eles buscam garantir seu bem-estar às custas de outros estados, assim como nos velhos tempos, e recorrem a métodos neocoloniais para esse fim,” disse Putin.
O presidente russo deve iniciar sua visita de dois dias à China na quinta-feira. Assim como Xi escolheu a Rússia para sua primeira viagem ao exterior após ser reeleito no ano passado, o líder russo está indo para Pequim após vencer seu quinto mandato como presidente.
Os líderes se reuniram por mais de cinco horas de conversas cara a cara durante a viagem de Xi a Moscou em março de 2023. Durante o encontro, o presidente chinês reiterou seu “compromisso de longo prazo” em fortalecer os laços e a cooperação prática entre os dois estados.
O conflito na Ucrânia está atualmente entre os principais temas dessa agenda. Putin observou que, desde o início da crise, a China trabalhou para encontrar uma solução diplomática. Nem a Ucrânia nem seus apoiadores ocidentais estavam prontos para um “diálogo igualitário, honesto e aberto, baseado no respeito mútuo e na consideração dos interesses de cada um,” ele disse à Xinhua.
Mesmo com o Ocidente tentando destruir a economia russa com sanções, o comércio entre a Rússia e a China disparou para quase 228 bilhões de dólares, mais que o dobro do volume de 2019. “Dada a turbulência global e os problemas econômicos no Ocidente, esses resultados provam mais uma vez a sabedoria estratégica de nosso curso soberano e da busca por interesses nacionais,” disse Putin.
Pequim tem consistentemente se recusado a culpar a Rússia pelo conflito na Ucrânia, argumentando que a expansão da OTAN e a “mentalidade da Guerra Fria” de Washington são as causas raiz da confrontação.