Bial, Lula e o polígrafo

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Entre a grosseria e o rancor, Bial mete os pés pelas mãos

Participando do Manhattan Connection da semana passada, o jornalista Pedro Bial causou ao dizer que só entrevistaria Lula ao vivo com um detector de mentiras, gerando rebuliço nas redes sociais. Em análise correta sobre a polêmica, o colunista de TV do Uol Mauricio Stycer publicou artigo em que classifica a atitude do apresentador como “grosseria gratuita”.

Em seu texto, Stycer lembra que uma das responsabilidades do entrevistador é justamente contrapor-se a mentiras que, porventura, o entrevistado venha a contar. Em outras palavras, nos lembra que não existe polígrafo melhor que a prática séria do jornalismo.

Indignado com a crítica, Bial aproveitou a oferta de um editor da Folha de São Paulo para exercer uma espécie de direito de resposta e escreveu um texto, publicado no último domingo.

Nele, além de denunciar uma suposta campanha contra sua pessoa, tenta justificar o ataque a Lula citando um caso de 2013, quando, também supostamente, o ex-presidente teria dito uma mentira a seu respeito. Afirma ter provas e testemunhas, mas não nomina estas e nem apresenta aquelas.

Após assumir que o problema entre ele e o petista é mesmo pessoal, reclama ainda da exigência do “ao vivo” que Lula faria, na hipótese de uma participação em seu programa. Seguindo, acrescenta algo que não havia aparecido no discurso a Lucas Mendes e sua turma: Lula teria dito que não confia em sua edição. É tanto disse me disse que parece mais confusão de grupo de whatsapp ou treta do BBB do que polemismo partindo de um jornalista sério.

Protesta contra o adjetivo “grosseiro”, afirmando que o mais acurado teria sido “jocoso” ou “irreverente”, apesar do tom nada jocoso ou irreverente usado durante a afirmação do polígrafo no programa da TV Cultura. Deselegante, chama Stycer de desonesto e “cheerleader” do Twitter, transformando o que deveria ser uma réplica em mais um ataque pessoal gratuito.

E todos nós sabemos que enquanto os cães ladram, a caravana passa.

Fake news com certeza

Irresponsavelmente, a ex-timoneira do Sem censura, anunciou em live um plano para assassinar Bolsonaro tramado por Lula e ministros do STF. A “informação” foi tirada de uma conta do Twitter do novo diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Maiurino. A conta, evidentemente, é falsa e a notícia uma mentira descarada.

O anúncio ocorreu no último sábado em um grupo fechado de redes sociais para assinantes de seu serviço de notícias, porém, vazou e viralizou. Nagle veio a público pedir desculpas pelo vazamento e não pelo conteúdo que compartilhou – como se divulgar fake news em um grupo fechado de whatsapp não fosse divulgar fake news.

Pelo jeito, quem precisa mesmo de um polígrafo durante o exercício da profissão é a Leda Nagle.

Decepção para os baixinhos

Após defender recentemente o teste de remédios e produtos em presidiários para poupar os animais, Xuxa voltou à carga com novo vexame.

Em entrevista no Superbonita do GNT no final de abril, a eugenista de Santa Rosa afirmou que gostaria de reencarnar com a cor da pele e o cabelo da apresentadora Taís Araújo.

Com toda a delicadeza que Bial preferiu não ter ao se referir a Lula, Araújo pontuou que ser negra no mundo e no Brasil especificamente “não é bolinho não”. Com a insistência da loira no absurdo, ela acabou tendo que arrematar com a seguinte frase: “pede pra vir com o espírito preparado pra aguentar a bomba também”.

A resposta final foi mais assustadora ainda: “Você acha que depois de ter passado tudo isso que eu passei, se eu venho na próxima vida, tu acha que eu vou vim (sic) aguentando tudo isso que eu aguentei? Eu vou vim (sic) com menos intolerância; se pegarem no meu calo pode deixar que eu vou dar um jeito”.

Desmiolada, preconceituosa e ignorante, em uma tacada só Xuxa diminuiu a importância da luta contra o preconceito e resumiu a identidade negra a mera firula estética. Tamanha vocação para o desastre merece até um prêmio.

Kate Winslet não brinca em serviço

A julgar pelo primeiro episódio, Mare of Easttown (HBO) vem ocupar a lacuna deixada após a conclusão de I know this much is true no ano passado. A trama policialesca não parece ser muito original, mas isso é o que menos importa. Com diálogos matadores, ambientação preciosa, temáticas adultas e interpretações de encher os olhos de todo o ensemble de atores, a minissérie é um tratado sobre a frustração e a vida provinciana no interior dos EUA.  

A exemplo de Mark Ruffalo, Kate Winslet deve abocanhar facilmente os prêmios de atuação da temporada pelo retrato que faz da delegada raivosa e desencantada com o mundo. Diferente de Ruffalo, não interpreta dois personagens, mas sua performance vale por várias. 

Frase da semana

Do filósofo e ativista Ailton Krenak, ontem, no Roda viva, sobre a importância dos indígenas em um Brasil que reconheça seu caráter de plurinacionalidade:  

“Nós não somos flagelados que vieram buscar refúgio em algum lugar na América do Sul, nós somos os povos originários e precisamos ser tratados com esse respeito”.

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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