Bol$onaro e Guede$: a operação Terra Arrasada

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Ataque ao SUS e ao ensino público. Privatização selvagem da Eletrobrás. Renúncia do Estado ao pré-sal. Cada vez mais próximo da derrota, governo trama operações multibilionárias e suspeitas, para entregar a seu sucessor país devastado

As origens do termo terra arrasada são imprecisas; mas os sentidos aziagos desta tática militar, bastante conhecidos. Na iminência de perder seus territórios, exércitos em fuga apelam para a devastação generalizada. Lavouras, instalações industriais, cidades – tudo é destruído, para que as populações, ao retornar, deparem-se com o caos. Em fuga, saqueia-se o que é possível. Nas últimas duas semanas, o governo Bolsonaro deu sinais nítidos de que, em face da derrota eleitoral provável, prepara-se para submeter o Brasil a uma operação política deste tipo. A ação ainda não está escancarada porque parte de seus movimentos atende também a outros interesses, como se verá. Mas basta examinar três esforços do governo – a retirada de cerca de R$ 105 bilhões da receita de ICMS dos estados e municípios, a privatização às pressas da Eletrobrás e o recente projeto para vender a participação do Estado brasileiro no pré-sal – para identificar os dois elementos essenciais da terra arrasada: vandalização generalizada e pilhagem.

Das três operações devastadoras, a mais visível é, naturalmente, a de corte forçado das receitas do ICMS. Envolve o preço dos combustíveis e coloca em choque o Planalto e os governos estaduais. Expressa no projeto de lei complementar (PLP-18-22), prevê redução das alíquotas atuais do imposto ao teto 17%, além do fim da cobrança de PIS e Cofins sobre derivados de petróleo, eletricidade e telecomunicações. Já aprovada na Câmara, com apoio da bancada bolsonarista e do Centrão, irá a voto no Senado nos próximos dias. Pode reduzir em R$ 41,3 bilhões a receita tributária dos estados e municípios e em R$ 35,2 bi a da União – apenas nos 6 meses que restam do ano.

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