Bolsonaro ataca STF, urnas eletrônicas e ignora assédio em posse na Caixa

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“Não começa uma nova era aqui na Caixa, a Caixa continua”

O presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou nesta terça-feira (5) a posse da nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, em palanque político e ignorou as acusações de assédio contra o ex-comandante do banco estatal, Pedro Guimarães. Segundo Bolsonaro, a nova gestão será uma continuidade da anterior.

No discurso, o mandatário também voltou a atacar o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a levantar suspeitas, sem provas, sobre as urnas eletrônicas.

Apesar de a posse ter ocorrido em solenidade fechada, o chefe do Executivo transmitiu parte da cerimônia nas redes sociais e ignorou o período de defeso eleitoral, que impõe diversas restrições ao governo, como o veto à exaltação de realizações do Executivo.

Segundo a Folha, Bolsonaro elogiou a nova presidente da estatal e disse que ela prosseguirá com o trabalho do antecessor.

“Não começa uma nova era aqui na Caixa, a Caixa continua. Tem agora uma presidente, que é competente, que mostrou lá atrás o seu valor, que lutou, que se empenhou. É difícil a gente ver mulher na economia, mas a Dani, o espaço da mulher é em qualquer lugar, não precisa colocar cota para mulher, ela vai pelos seus próprios méritos”, declarou.

Ao defender a continuidade do modelo de gestão, o presidente demonstra conivência com posturas de assédio moral e sexual no banco estatal. Nesta terça (4), na primeira vez em que falou sobre o caso do ex-dirigente da Caixa e as acusações de assédio sexual, Bolsonaro se limitou a dizer que o executivo foi afastado, mas depois corrigiu e falou que Guimarães foi quem pediu o afastamento.

“Foi afastado o presidente da Caixa, tá respondido? Ou melhor, ele pediu afastamento, tá?”, disse em conversa com apoiadores.

O presidente e Guimarães são próximos. O executivo chegou a pleitear a vaga de vice na chapa de reeleição do mandatário neste ano. Deixou o cargo dizendo ser vítima de “perseguição”.

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O Ministro da Economia, Paulo Guedes, assinou, no início desta noite (05), o termo de posse da nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques. Foto: Divulgação

O presidente retomou os ataques à cúpula do Judiciário. Ele criticou a possibilidade de o Supremo refutar a tese do marco temporal das terras indígenas, que visa estabelecer que os indígenas que não estavam em suas terras na data da promulgação da Constituição de 1988 não teriam direito de reivindicar a demarcação da área.

Edson Fachin, por exemplo, já votou nesse sentido – o julgamento foi interrompido por pedido de vista (quando um ministro pede mais tempo para analisar o caso) de Alexandre de Moraes.

O mandatário também voltou a levantar suspeitas, sem provas, sobre o sistema eletrônico de votação. Além disso, criticou a cassação do mandato de Fernando Francischini, determinada pelo TSE por ter afirmado que as urnas foram fraudadas em 2018 a favor de Fernando Haddad (PT), que era seu adversário no pleito.

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