Em culto religioso em Anápolis (GO), Jair Bolsonaro expôs estratégia do relatório falso elaborado por um servidor do TCU, usado apenas para dar munição aos seus discursos. Diz que o Brasil é um dos países “onde menos se morre” na pandemia, por conta do “tratamento precoce” com cloroquina
Durante um culto evangélico na cidade de Anápolis, em Goiás, na tarde desta quarta-feira (9), Jair Bolsonaro voltou a citar um relatório com números falsos, que ele atribui ao Tribunal de Contas da União, e que indica que haveria um suposto “superdimensionamento” das mortes por Covid-19 no Brasil.
O documento foi elaborado pelo auditor do TCU Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques com base em seu posicionamento pessoal e já desautorizado pelo Tribunal. Ele inseriu o relatório no sistema do TCU no último domingo (6), um dia antes de Bolsonaro citá-lo pela primeira vez para divulgar a falsa informação de que 50% das mortes na pandemia não ocorreram em decorrência da Covid. O servidor foi afastado, será convocado à CPI da Covid e investigado pela Corregedoria do Tribunal de Contas.
Em sua fala com os evangélicos, Bolsonaro deu entender que as [falsas] tabelas do TCU mostram que, sem o suposto “superdimensionamento”, o Brasil é um dos países que menos se morre, o que é falso. Ele também atribuiu o resultado (inexistente) ao chamado “tratamento precoce”, com base em hidroxicloroquina. E afirmou que as vacinas são “experimentos”.
“Se tirar possíveis fraudes, em 2020, Brasil é país com menor nº de morte/milhão por Covid. Que milagre é esse? Tratamento precoce! Quem aqui tomou hidroxicloroquina? [gritos]. Querem prova maior? Eu tomei!”.
Bolsonaro também voltou a atacar a China, dizendo que o vírus da Covid foi criado em laboratório, um dia depois de a embaixada chinesa criticar a politização em relação à origem do vírus e após documentos comprovarem que os ataques do governo brasileiro ao país asiático prejudicaram a compra da Coronavac.