Brasil entra em recessão

Leia mais

A economia do Brasil entrou em recessão em razão da crise climática, altas taxas de juros e inflação galopante

 

O produto interno bruto caiu 0,1% no período julho-setembro, após registrar uma queda revisada de 0,4% no segundo trimestre. Há um ano, a economia cresceu 4%.

A crise mostra desafios crescentes para a maior economia da América Latina. O desemprego está acima de 12%, a inflação anual está no máximo em cinco anos e o banco central lançou a campanha de austeridade mais agressiva do mundo neste ano. Enquanto a maioria dos países está desfrutando de um forte crescimento após o coronavírus, o Brasil está perdendo força, apesar do fim das restrições relacionadas à pandemia e da expansão da campanha de vacinação.

Os dados fizeram com que os comerciantes desfizessem as apostas de que o banco central poderia se tornar ainda mais agressivo para controlar a inflação. As taxas de swap do contrato com vencimento em janeiro de 2023, que indicam as expectativas para a Selic de referência no final de 2022, caíram 22 pontos base para 11,6%.

“Há um sentimento de paralisia”, disse Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, acrescentando que os legisladores provavelmente serão mais cautelosos ao aumentar as taxas de juros nos próximos meses. “A economia atingiu um patamar elevado no segundo trimestre e parou aí, e alguns setores, como a agricultura, sofreram muito.”

O forte setor agrícola do Brasil caiu 8% no trimestre em meio a secas e geadas, enquanto a indústria ficou estável. Por outro lado, os serviços e o consumo das famílias cresceram 1,1% e 0,9%, respectivamente.

Desafios do Brasil

Muitos dos problemas do Brasil estão fora de controle: interrupções na cadeia de abastecimento mundial, mudanças climáticas que afetaram a produção agrícola e os  preços mais altos das commodities estão ajudando a elevar a inflação, que se traduzirá em custos de empréstimos ainda maiores.

Os empresário estão apostando em uma alta na taxa básica de juros na reunião de política da próxima semana, o que levaria a Selic para 9,25%. Os dados do PIB podem levar o banco central a moderar a postura.

Parte da crise econômica é autoinfligida. Os investidores estão cada vez mais preocupados com as finanças públicas à medida que o governo pressiona por mudanças em uma lei de austeridade fundamental para permitir que Bolsonaro aumente os gastos sociais antes das eleições de 2022. Essas preocupações fizeram com que o real perdesse cerca de 8% de seu valor em relação ao dólar neste ano, apesar do aumento das taxas de juros.

Analistas consultados pelo banco central reduziram suas projeções para o PIB nos últimos dois meses, à medida que aumentam as questões sobre a trajetória fiscal do Brasil. Eles agora esperam que o crescimento econômico diminua para menos de 0,6% no próximo ano, de 4,8% em 2021.

- Publicidade -spot_img

More articles

- Publicidade -spot_img

Últimas notíciais