Do caça Gripen ao foguete nacional: o Brasil está gastando R$ 112 bi para virar potência militar. Será o suficiente para competir com EUA e China?
Nova Indústria Brasil: a máquina por trás da revolução
Os recursos integram a Missão 6 do programa Nova Indústria Brasil (NIB), lançada em 2024 com metas até 2033. Durante evento no Palácio do Planalto, o presidente Lula destacou: “Não há desenvolvimento sem indústria forte, e não há soberania sem tecnologia própria”. O vice-presidente Geraldo Alckmin, coordenador do NIB, revelou números impressionantes: a indústria de transformação cresceu 3,7% em 2024, o dobro da média mundial, com exportações recordes de US$ 189 bilhões.
Onde o dinheiro será aplicado?
Do total investido, R$ 79,8 bilhões virão de fontes públicas, incluindo:
- PAC Defesa (R$ 31,4 bi): caças Gripen, cargueiros KC-390, submarinos e fragatas.
- Setor nuclear (R$ 4,2 bi): reator multipropósito e foguetes para veículos hipersônicos.
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Financiamentos estratégicos: R$ 2,4 bi para a Embraer, com destaque para a venda de 16 aeronaves a uma companhia aérea dos EUA. Já o setor privado aportará R$ 33,1bilhões, concentrados em defesa (R 23,7 bi) e nuclear (R$ 8,6 bi).
Exportações de defesa disparam 123% em dois anos
Um dado chama atenção: as vendas externas do setor de defesa saltaram de US$ 1,5 bilhões em 2023 1,8 bi em 2024 – alta de 22% em um ano e 123% desde 2022. “Estamos mostrando que tecnologia brasileira tem mercado global”, afirmou Alckmin, citando contratos com países da África e Ásia.
Domínio tecnológico: a corrida contra o relógio
A meta é ousada: controlar 55% das tecnologias críticas até 2026 e 75% até 2033. Hoje, o país domina 42,7% de uma lista de 39 projetos estratégicos, como satélites de monitoramento e radares de última geração. Para acelerar, a Finep (empresa de fomento do governo) já investiu R$ 4,2 bi em projetos como o veículo lançador de satélites VLS-Alpha.
O desafio além do dinheiro
Apesar dos números robustos, especialistas alertam para gargalos:
- Mão de obra qualificada: setores como nuclear e aeroespacial exigem formação especializada.
- Burocracia: licitações lentas podem atrasar projetos urgentes.
- Sustentabilidade: parte dos recursos vem do Plano de Transformação Ecológica, exigindo equilíbrio entre defesa e metas ambientais.
Uma aposta no futuro (ou no presente?)
Enquanto Lula fala em “reindustrialização com identidade nacional”, o mercado comemora contratos como o da Embraer. Para o governo, porém, o maior trunfo pode ser político: unir discurso de soberania a resultados tangíveis em ano pré-eleitoral. Resta saber se foguetes e caças serão tão eficientes na economia quanto na defesa.