Paulo Guedes não quer admitir sua incapacidade de encaixar as engrenagens da economia brasileira
Os ruídos provocados pelas expectativas em torno das eleições de 2022, é um ingrediente a mais para a instabilidade econômica do país. O Brasil perdeu o controle dos fundamentos econômicos, embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha declarado o contrário em evento promovido pela Associação Brasileira da Propriedade Industrial (ABPI). Guedes declarou que a economia está crescendo e o déficit das contas públicas está caindo.
“Não há o menor fundamento, do ponto de vista estritamente econômico, para dizer que o Brasil está perdendo o controle. É exatamente o contrário: o Brasil atravessou a maior crise fiscal, a maior depressão de tempos modernos e se recuperou em tempo recorde”, afirmou.
Segundo Guedes, “os fatos e os fundamentos” fiscais mostram que o governo “segue fazendo o trabalho certo”. O ministro repetiu as previsões oficiais que indicam queda no déficit primário – resultado negativo nas contas do governo sem os juros da dívida pública.
“Na verdade, os fundamentos continuam indicando que estamos na direção certa. Fomos a 10,5% do PIB [Produto Interno Bruto] de déficit, neste ano já caímos para 1% e a previsão é de que ano que vem seja 0,3%. Ou seja, praticamente acabou o déficit”, declarou.
Afirmações constrangedoras
Na vergonhosa avaliação do ministro, a economia brasileira estava “decolando” em 2021, em meio à recuperação da fase mais aguda das medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de covid-19. No entanto, o que ele classificou de “antecipação” da disputa eleitoral em 2022 estaria prejudicando as expectativas. Paulo Guedes não assume responsabilidade pela inflação galopante e explosão do desemprego. Ele insiste em uma narrativa vergonhosa, onde terceiriza as próprias responsabilidades.
“Estávamos realmente decolando e, agora, há uma espécie de antecipação das eleições, que, evidentemente, tem impacto sobre as expectativas. Essa antecipação naturalmente prejudica. Causa muito barulho”, reclamou o ministro.
Incompetência flagrante
Guedes pediu moderação dos agentes políticos para garantir a recuperação da economia e reafirmou a confiança nas instituições, citando a Presidência da República, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Câmara dos Deputados e o Senado. “Com confiança na democracia brasileira e principalmente nas instituições, esperamos que os excessos que sejam cometidos de uma parte ou de outra, de atores específicos, sejam moderados”, acrescentou.
Paulo Guedes finge não ver que todo os aparatos econômicos de Estado estão disponíveis e funcionando. Desde o início do governo Bolsonaro, faz promessas das quais é incapaz de cumprir. Não quer admitir que ele é incapaz de encaixar as engrenagens da economia brasileira.