Brasil reage a ataques e provocações de Maduro

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Governo deve emitir nota oficial após provocações do governo de Maduro, incluindo ataques à bandeira nacional

O governo brasileiro está se preparando para reagir oficialmente a uma série de provocações provenientes do governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro. O estopim para essa decisão foi uma postagem polêmica feita pela Polícia Nacional da Venezuela em sua conta oficial no Instagram, mostrando uma bandeira do Brasil ao fundo de uma silhueta semelhante ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a mensagem ameaçadora: “quem se mete com a Venezuela se dá mal”.

De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Globo, o Itamaraty deve publicar em breve uma nota expressando surpresa e desagrado com o tom agressivo adotado por membros do governo venezuelano, sem citar diretamente autoridades específicas. A estratégia é deixar claro que, apesar das provocações, o Brasil pretende manter um diálogo respeitoso. “Sem cair em provocações”, disse uma fonte oficial, ressaltando que as declarações feitas em Caracas não refletem o tom respeitoso esperado nas relações bilaterais. O comunicado está em fase final de revisão.

Para representantes do governo brasileiro, as recentes falas do regime de Maduro foram avaliadas como descoladas da realidade. Até então, a resposta do governo Lula às provocações vinha sendo contida, mas o ataque direto a um símbolo nacional, como a bandeira brasileira, forçou uma mudança na postura. “Uma coisa é criticar autoridades ou instituições; outra é atacar a bandeira de uma nação”, destacou uma fonte. A resposta, no entanto, será moderada, evitando escalada nas tensões. “Não queremos escalar”, afirmaram, embora aponte que os ataques ultrapassaram os limites do aceitável.

Um histórico de tensões crescentes

A relação entre Brasil e Venezuela vem se deteriorando desde que Lula reassumiu a presidência, em janeiro de 2023. Nos primeiros meses, houve esforços para restaurar a diplomacia entre os países, mas a situação começou a desandar no fim do ano passado, quando Maduro ameaçou invadir a Guiana para reivindicar o território de Essequibo. O Brasil expressou publicamente sua preocupação, agravando ainda mais o clima.

A crise intensificou-se após a eleição presidencial venezuelana de 28 de julho, cujo resultado, anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), não foi reconhecido pelo governo brasileiro. O Brasil solicitou diversas vezes que Caracas apresentasse atas eleitorais que comprovassem a legitimidade da reeleição de Maduro, sem obter resposta.

Recentemente, a tensão aumentou com a oposição do Brasil à entrada da Venezuela no BRICS, que já inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Como resposta, Maduro intensificou as críticas ao Itamaraty e convocou Manuel Vadell, embaixador venezuelano em Brasília, para consultas. Em contrapartida, o encarregado de Negócios da embaixada brasileira em Caracas também foi chamado pela chancelaria venezuelana para prestar esclarecimentos.

Ataques e acusações mútuas

Em nota oficial, o governo venezuelano condenou o que chamou de “declarações de ingerência” por parte de representantes brasileiros, com menção específica ao assessor especial para Assuntos Externos, Celso Amorim, que foi descrito como “um mensageiro do imperialismo norte-americano”. Tais comentários e medidas aumentaram o distanciamento entre os dois governos.

O Brasil deve manter sua resposta oficial em um tom de desaprovação, sem provocar uma escalada. A intenção é transmitir uma mensagem firme de que ataques à soberania e símbolos nacionais não serão tolerados, mas que o diálogo respeitoso ainda é o caminho desejado.

 

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