Entenda o papel estratégico do grupo
O grupo BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é cada vez mais relevante na construção de uma ordem mundial multipolar. Recentemente, a cúpula realizada em Kazan destacou o papel crescente da China como membro-chave, ao lado de novos países participantes como Emirados Árabes Unidos, Irã e Egito. Mas por que a China precisa do BRICS? Este artigo explora a importância estratégica da aliança para a China e como ela reforça sua posição no cenário global sem representar uma oposição direta ao Ocidente.
O BRICS como plataforma de diálogo e não de confronto
Diferentemente de uma aliança formal com obrigações rígidas, o BRICS opera como um fórum de discussão onde seus membros, embora diversos e com disputas internas, podem cooperar de forma independente. A China, por exemplo, vê o BRICS não como uma extensão de seu poder, mas como um espaço para promover uma visão de parcerias baseadas na soberania e na não-interferência. Essa filosofia é central para a política externa chinesa, refletida também na Iniciativa do Cinturão e Rota, que prioriza relações sem imposições formais.
O papel estratégico da China no BRICS
Para a China, o BRICS serve principalmente como uma plataforma para articular sua perspectiva global e criar alternativas às instituições financeiras ocidentais, como o Banco Mundial e o FMI. Além disso, a China busca uma economia mundial menos dependente do dólar, apoiando iniciativas de desdolarização e promovendo o uso de moedas locais nas transações entre membros. Esse objetivo se fortalece à medida que mais países se unem ao BRICS, ampliando o alcance econômico e político do grupo.
China e Rússia: uma parceria com objetivos comuns
A cooperação entre China e Rússia no BRICS reforça suas posições diante do Ocidente e serve de base para uma nova ordem multipolar. Ao contrário de uma aliança hierárquica, essa parceria é baseada no respeito e na igualdade. Com a China oferecendo um impulso econômico essencial ao BRICS, os países membros beneficiam-se da robusta economia chinesa sem estarem sujeitos ao controle direto de Pequim. O Novo Banco de Desenvolvimento, por exemplo, financiado em grande parte pela China, apoia projetos em países BRICS, fomentando infraestrutura e sustentabilidade.
O BRICS além do anti-ocidentalismo
Apesar das tensões entre a China e alguns países ocidentais, o BRICS não é uma ferramenta de confronto. Pelo contrário, a China defende a cooperação internacional e espera expandir o grupo com mais países interessados. Esse modelo de associação visa a integração econômica e política sem que isso implique uma oposição formal ao Ocidente. Para a China, o crescimento do BRICS é vantajoso, pois amplifica o impacto de sua economia e permite que mais países do “Sul Global” superem a dependência das instituições ocidentais.
Para a China, o BRICS representa uma plataforma essencial para promover sua visão de desenvolvimento multilateral, ampliando sua influência global de forma equilibrada e respeitosa com a soberania dos demais países. Ao participar ativamente do BRICS, a China reforça suas relações com nações emergentes, possibilitando uma ordem mundial mais justa e menos dependente do sistema financeiro ocidental. Esta abordagem colabora para a construção de um futuro onde o BRICS seja uma alternativa de crescimento e cooperação global, beneficiando todos os membros sem impor hierarquias ou domínios.