Governo indiano se une a centros de tecnologia para desenvolver processador de IA com arquitetura aberta, visando reduzir dependência de gigantes como Nvidia
A Índia deu um passo crucial em direção à autonomia tecnológica ao iniciar o desenvolvimento de seu próprio chip de inteligência artificial (IA), segundo reportagem do jornal Mint publicada nesta quarta-feira. O projeto, liderado pelo Ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação (Meity), tem como objetivo reduzir a dependência do país em relação a gigantes ocidentais como a Nvidia, cujos processadores dominam o cenário global de IA. Com um cronograma preliminar que mira a produção em massa até 2027, a iniciativa coloca a Índia no mapa da corrida por tecnologias de IA independentes.
Parcerias e arquitetura aberta
O projeto conta com a colaboração de centros de tecnologia estatais, incluindo o Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada (C-DAC), que trará sua expertise no desenvolvimento de processadores baseados na arquitetura aberta Risc-V. Essa abordagem permite que os padrões do chip sejam acessíveis a outros desenvolvedores, semelhante ao modelo do Android, usado por fabricantes de smartphones em todo o mundo.
Além disso, o governo indiano está recebendo consultoria de especialistas de grandes empresas de tecnologia dos EUA e executivos da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), líder global na fabricação de chips. Essa colaboração internacional é vista como essencial para acelerar o desenvolvimento e garantir que o chip atenda aos padrões globais.
O cenário global e a disputa por IA
A iniciativa indiana reflete uma tendência global de países buscando desenvolver tecnologias de IA próprias, especialmente diante da dominância dos EUA no setor de semicondutores. Segundo a empresa de pesquisa Gartner, os Estados Unidos respondem por 70% das receitas globais de semicondutores. Recentemente, o governo americano introduziu novas regulamentações para limitar a exportação de chips de IA, visando frear o avanço tecnológico da China.
Enquanto isso, a China também está avançando rapidamente no campo da IA. Recentemente, o país lançou o DeepSeek, um assistente de IA que já superou o ChatGPT em popularidade na App Store da Apple. A Índia, por sua vez, aprovou em janeiro 18 propostas para acelerar soluções de IA em setores como agricultura e mudanças climáticas, como parte da missão IndiaAI, que tem um orçamento de US$ 1,2 bilhão.
Desafios e oportunidades
Apesar do otimismo, o desenvolvimento de um chip de IA do zero não está livre de desafios. A Índia precisará superar barreiras técnicas, garantir investimentos contínuos e construir uma cadeia de suprimentos robusta para competir com players estabelecidos como Nvidia e TSMC. No entanto, a iniciativa representa uma oportunidade única para o país se posicionar como um líder em tecnologia de IA e reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros.
Um passo estratégico para o futuro
O projeto de desenvolvimento de um chip de IA próprio marca um momento decisivo para a Índia em sua jornada rumo à autonomia tecnológica. Ao investir em tecnologias locais e colaborar com especialistas globais, o país não apenas fortalece sua posição no cenário internacional de IA, mas também cria oportunidades para impulsionar setores críticos de sua economia. Enquanto o mundo observa, a Índia avança com determinação para se tornar um player-chave na próxima geração de inovações tecnológicas.