Começam os Jogos Olímpicos de Tóquio após 2.872 dias de espera devido Covid-19

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Cerimônia tem momentos tradicionais, como o juramento olímpico e o acendimento da pira olímpica, que marca o início oficial do evento

Enfim chegou o dia que o Japão esperava desde 13 de setembro de 2013, quando Tóquio foi escolhida para sediar os Jogos de 2020, e nesta sexta-feira será realizada a abertura oficial da mais caótica e complicada edição do maior evento esportivo do mundo.

Um ano após a decisão inédita de adiar as Olimpíadas em decorrência da pandemia de covid-19 e depois de muitas dúvidas e questionamentos, Tóquio 2020 começa a movimentar uma cidade que está em estado de emergência por conta do coronavírus.

A cerimônia de abertura nesta sexta-feira na capital japonesa marca não só o início de duas semanas de competições esportivas, recordes e emoções, mas também o culminar de anos de difícil preparação para os organizadores locais e o Comitê Olímpico Internacional (COI) .

Presidente do COI, Thomas Bach e o imperador japonês Naruhito

Presidente do COI, Thomas Bach e o imperador japonês Naruhito. Foto: (Hannah McKay/AFP)

Num contexto particular, com o mundo ainda sob a ameaça da Covid-19, a cerimônia de abertura, cujos detalhes são mantidos em segredo como manda a tradição, será “mais simples e sóbria”, alertaram os organizadores.

Embora se mantenha o tradicional desfile de atletas que vão representar as 206 delegações participantes, que como grande novidade contará com dois porta-bandeiras por país, um homem e uma mulher, a cerimônia será realizada pela primeira vez na história sem a presença de público nas arquibancadas devido a restrições sanitárias impostas pelo governo do Japão.

Apesar de as 68 mil cadeiras do Estádio Olímpico ficarem vazias, a cerimônia contará com a presença, reduzida, de algumas personalidades como o imperador japonês Naruhito ou a primeira-dama americana Jill Biden.

O presidente francês Emmanuel Macron será o único líder do G7 presente em Tóquio, como o maior representante também da próxima sede dos Jogos, Paris 2024.

“Os Jogos da Pandemia”

A cerimônia conta ainda com outros momentos tradicionais, como o juramento olímpico e o acendimento da pira olímpica, que marca o início oficial do evento, mas não haverá festa e o clima será diferente naquele já batizado como “Os Jogos da Pandemia”.

O medo do aumento do contágio levou grande parte da opinião pública japonesa a se manifestar nos últimos meses contra a realização do evento, além da aplicação de restrições mais rígidas para delegações e imprensa.

A pesquisa mais recente, publicada pelo jornal Asahi Shimbum, mostra que 55% dos japoneses não querem a realização das Olimpíadas.

Em outro sinal contrariedade com os Jogos, vários dos principais patrocinadores locais, como as multinacionais Toyota, Panasonic, Fujitsu e NEC, não enviarão seus dirigentes à cerimônia de abertura.

Até o imperador Naruhito admitiu as dificuldades: “Gerenciar os Jogos, tomando todas as medidas possíveis contra covid-19 ao mesmo tempo, está longe de ser uma tarefa fácil”, teria dito ao presidente do COI, Thomas Bach, em uma visita do dirigente olímpico ao palácio imperial na quinta-feira, de acordo com a agência Kyodo News.

Essa visita ocorreu no dia em que 1.979 novos casos de covid-19 foram registrados, o maior número desde o início do ano, em um país que tem sido pouco afetado pela pandemia até agora, apesar de somar cerca de 15.000 mortes, um número muito menor do que em muitas outras nações.

Bach tem lutado nos últimos meses para evitar o cancelamento do evento, mas também admitiu as dificuldades: “Nos últimos 15 meses, tivemos que tomar muitas decisões por motivos muito incertos. Tínhamos dúvidas todos os dias. Temos deliberado e discutido. Foram noites sem dormir “, disse o executivo na abertura da sessão do COI na terça-feira.

 “O fim do túnel”

“Estamos finalmente vendo o fim do túnel. O cancelamento nunca foi uma opção para nós. O COI nunca abandona seus atletas”, acrescentou Bach.

Mas, na manutenção dos Jogos, os interesses econômicos também são mistos. O Japão gastou quase 15,5 bilhões de dólares no evento, com um custo extra de 2,7 bilhões para o adiamento e as medidas sanitárias implementadas.

Os organizadores japoneses não só tiveram que enfrentar os problemas derivados da pandemia, mas também vários escândalos que mancharam sua imagem.

Na quinta-feira, o diretor da cerimônia de abertura, Kentaro Kobayashi, foi demitido por uma piada sobre o Holocausto feita há duas décadas.

Ele é, pelo menos, o quarto dirigente da organização obrigado a deixar suas funções devido a vários escândalos desde fevereiro.

No plano esportivo, algumas competições já começaram, como futebol e softbol e nesta sexta-feira o remo.

Na quinta-feira, Brasil e México estrearam com vitórias no torneio olímpico masculino (4-2 contra a Alemanha e 4-1 diante da França, respectivamente), enquanto a Espanha não passou do empate sem gols com o Egito e a Argentina perdeu por 2 a 0 para a Austrália.(AFP)

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