Líder Kim Jong-un inspeciona embarcação estratégica capaz de transportar mísseis nucleares, em meio a exercícios militares entre EUA e Coreia do Sul
A Coreia do Norte apresentou seu primeiro submarino movido a energia nuclear, marcando um avanço significativo em seu programa militar. Imagens divulgadas pela mídia estatal mostram o líder Kim Jong-un inspecionando a embarcação durante uma visita a estaleiros navais. O submarino, descrito como um “submarino de mísseis guiados estratégicos com propulsão nuclear”, representa mais um passo na busca de Pyongyang por capacidades militares avançadas para enfrentar o que considera ameaças dos EUA e seus aliados.
Um salto tecnológico para Pyongyang
Embora as imagens não revelem a localização exata do estaleiro nem detalhes técnicos específicos, especialistas sugerem que o submarino pode ter entre 6.000 e 7.000 toneladas e capacidade para transportar cerca de dez mísseis, possivelmente com ogivas nucleares. Moon Keun-sik, especialista em submarinos da Coreia do Sul, afirmou que, se operacional, a embarcação representaria uma “ameaça absoluta” para a Coreia do Sul e os EUA.
A Coreia do Norte já possui uma das maiores frotas de submarinos do mundo, com estimativas variando entre 70 e 90 embarcações. No entanto, a maioria delas é considerada obsoleta e incapaz de lançar mísseis. O novo submarino nuclear, portanto, simboliza um salto tecnológico para o regime de Kim Jong-un, que tem investido pesadamente em modernizar suas forças navais.
Contexto de tensões regionais
A revelação do submarino ocorre dias antes do início dos exercícios militares anuais entre os EUA e a Coreia do Sul, que Pyongyang condena veementemente, classificando-os como ensaios para uma invasão. Durante a inspeção, Kim destacou a importância de modernizar as forças navais norte-coreanas, descrevendo seus navios de guerra como um “impedimento crucial” contra a “diplomacia de canhoneiras de forças hostis”.
Em 2023, a Coreia do Norte já havia anunciado o lançamento de seu primeiro “submarino de ataque nuclear tático”, da classe Sinpo-C, supostamente capaz de lançar dez mísseis nucleares enquanto submerso. Além disso, o país começou a construir uma nova base naval para acomodar embarcações maiores e mais avançadas, que devem entrar em serviço nos próximos anos.
Implicações globais
A introdução de um submarino nuclear pela Coreia do Norte representa um desafio significativo para a segurança regional e global. A capacidade de lançar mísseis nucleares a partir de uma plataforma subaquática dificulta a detecção e aumenta o risco de ataques surpresa. Essa movimentação ocorre em um momento de crescente tensão na península coreana, com Pyongyang intensificando seus testes de mísseis e Washington reforçando sua presença militar na região.
Uma nova era de ameaças nucleares
A revelação do submarino nuclear norte-coreano marca um novo capítulo na corrida armamentista da península coreana. Enquanto Kim Jong-un celebra o avanço como uma vitória estratégica, a comunidade internacional se vê diante de um cenário cada vez mais complexo e perigoso. A capacidade de Pyongyang de projetar poder militar além de suas fronteiras, combinada com sua retórica belicosa, exige uma resposta coordenada e diplomática para evitar uma escalada que poderia ter consequências catastróficas.
