CPI da Covid: motoboy cita saque de R$ 400 mil e entrega de pen drive no Ministério da Saúde

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Trabalhador pode ajudar a comissão a confirmar esquema de corrupção na pasta

O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, funcionário da empresa VTC Operadora Logística (VTCLog), disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (1ª) que entregou um pen drive no 4º andar do Ministério da Saúde. Ele também confirmou que já sacou ‘R$ 400 e poucos mil’ na boca do caixa para pagar boletos. Nos últimos meses, porém, os pagamentos diminuíram.

Ivanildo afirmou não saber a data em que esteve no local – nem para quem entregou o pen drive. “Eu lembro que eu entreguei para uma senhora, uma moça lá”, disse. Acompanhe ao vivo:

O nome do motoboy apareceu em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou R$ 4 milhões em saques em espécie para a VTCLog. Informações citadas pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apontam diversos saques inclusive neste ano.

O motoboy contou aos senadores que ia ao banco com cheques da empresa e sacava os valores em espécie. Com o dinheiro vivo, ele pagava boletos e fazia pagamentos. Quando sobrava algum valor após as transações, ele devolvia o dinheiro em espécie à empresa. Gonçalves afirmou que entregou os comprovantes de pagamento à VTCLog.

“Eu não cheguei a entregar dinheiro para ninguém. A única coisa que eu executava no papel era de pagar boletos. Às vezes depositava, quando me pediam: olha, deposita esse dinheiro. Mas eu não cheguei ainda, assim, entregar dinheiro para ninguém”, afirmou.

Ivanildo Gonçalves foi questionado pelos senadores sobre os nomes das pessoas que constavam nos boletos. Ele disse que se recordava apenas que sócios da VTCLog estavam em algumas faturas e também uma empresa de combustível, de mais ninguém. “A princípio, eu não chegava a olhar o nome de ninguém”, afirmou.

A CPI perguntou se o motoboy pagou boletos para o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. “Eu não estou lembrado de ter pagado boleto nenhum dele”, declarou Ivanildo Gonçalves. “Nunca ouvi falar e nunca estive com ele.”

De acordo com o motoboy, as idas ao banco para sacar dinheiro em espécie diminuíram “já tem um período”. O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), vinculou a queda à instalação da comissão de inquérito.

Esquema de corrupção

Com o depoimento, a CPI espera confirmar uma parte do esquema de corrupção e identificar quem era responsável pelas operações irregulares. As suspeitas da comissão recaem sobre o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, que chegou a ser preso quando prestou depoimento à comissão.

De acordo com Gonçalves, a ordem dos saques e pagamentos vinham de Zenaide Sá Reis, responsável pelo setor financeiro da empresa. O motoboy trabalha na VTCLog desde 2009. “O financeiro da empresa me passava os cheques para mim (sic) fazer os saques e aí eu executava”, disse o funcionário. “Era na boca do caixa.” Ele relatou que, ultimamente, o volume de movimentações teria diminuído.

No início do depoimento, os senadores apontaram contradições na declaração e falta de informações precisas. O motoboy relatou que, após os saques em espécie, pagava boletos e fazia depósitos em contas indicadas em anotações. Ele negou ter entregado dinheiro na mão de outras pessoas ou ter feito transferências entre contas, contrariando uma informação da CPI de que ele entregaria recursos para fornecedores da empresa.

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