Cruella foi desconstruída, mas continua sensacional!

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
SPOILER ALERT!

Quando pensamos na vilã da animação da Disney 101 dálmatas (Stephen Herek, 1996) e depois nos deparamos com o live-action de origem dessa mesma vilã, Cruella (Craig Gillespie, 2021), dá para duvidar que sejam a mesma pessoa. Cruella foi desconstruída por Gillespie de modo a se tornar heroína (ainda que pouco ortodoxa), ficando totalmente diferente da personagem que conhecíamos tão bem e amávamos odiar.

Ficou ruim?

Não!, apesar de que muitos vão discordar.

Essa atitude do diretor está sendo considerada pela maioria dos críticos e fãs como uma afronta aos espectadores e à própria vilã, cuja essência foi transformada – quem mexe com o que o público ama, corre sérios riscos! -, mas o filme é apaixonante – e não havia como ser diferente ou então a própria Glenn Close, que com sua interpretação no live-action de 1996 tornou Cruella ainda mais icônica, não teria aceitado fazer parte da produção (ela é coprodutora executiva da obra).

Sendo assim, a película nos apresenta uma Cruella mais jovem vivida por Emma Stone, cuja atuação brilhante mostra mais uma vez porque ela é uma das maiores atrizes da atualidade. Tudo está ali: os cachorros, as roupas bregas (embora fashionistas), o cabelo bicolor, Gaspar (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser) e a personalidade mandona da personagem. Mas um detalhe essencial mudou tudo, aquele que praticamente definia Cruella e justificava todas as suas vilanias: onde está o ódio que ela sente por cachorros? Aqui ele não existe e, para muitos, isso simplesmente estragou tudo.

Não para mim. Depois de vários fracassos da Disney com live-actions, este veio para redimir e encantar e mostrar que a casa do Mickey Mouse ainda é sim muito, muito grande. Cruella é preto e branco e vermelho, irreverente, divertido, exagerado, brega, fashion. Além disso, mesmo que os efeitos especiais não sejam os melhores já feitos, tal defeito é completamente ofuscado pelas atuações das duas Emmas – a Stone e a Thompson, que vive a vilã Baronesa. O mundo da moda nunca foi mostrado de forma tão divertida, mantendo grande parte do glamour que lhe é intrínseco.

Ainda, a trilha sonora é um show à parte, misturando com maestria o clássico e o moderno e encaixando-se perfeitamente às situações criadas pelo enredo.

Por tudo isso, mesmo que a ligação entre a personagem original e essa nova que nos foi apresentada tenha sido quebrada – principalmente depois das cenas pós-créditos que fez todo o sentido do filme de 1996 se perder -, Cruella é, em uma palavra, sensacional!

O filme já está nos cinema e no Disney+, Premier Acess.

Publicado originalmente no Cinema é

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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