O governo venezuelano garante que o presidente chileno, Gabriel Boric, adere à linha midiática ditada pelos Estados Unidos, contra a Venezuela
“Não é mais necessário que as pessoas digam que ele trabalha para os gringos, já está evidente que ele trabalha para os gringos (…) qualquer coisa. (…) Hoje ele governa para as elites, e diz ser de esquerda, é farsante”, assegurou o deputado e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Diosdado Cabello.
Essa é a reação que vem depois que Boric refutou a afirmação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de que teria sido criada uma “narrativa” sobre a falta de democracia na Venezuela . “Afirmei respeitosamente que discordava do que o presidente Lula disse ontem, no sentido de que a situação dos direitos humanos na Venezuela foi uma construção narrativa”, disse Boric à imprensa, após a cúpula de líderes sul-americanos em Brasília, na quarta-feira anterior.
Segundo o político venezuelano, Boric “é um tolo com más intenções, é um tolo que foi desrespeitar, antes de tudo ao presidente Lula e o povo brasileiro (…) Boboric, o maior tolo. Nas festas sempre tem um bêbado impertinente, e ele é o bêbado impertinente”.
Diosdado Cabello também garantiu que Boric esqueceu como chegou à Presidência do Chile depois que a população depositou nele sua confiança para conseguir uma mudança que milhões de pessoas no país ansiavam. No entanto, depois de assumir a chefia do Estado, insiste Cabello, Boric “traiu essas mesmas pessoas que acompanharam as manifestações e nada diz sobre o ex-presidente. “Agora nem mesmo uma pétala de rosa toca Piñera.”
Em sua opinião, com o que declarou à mídia no Brasil, “ficou claro que ele é um tolo, alguém que não se preocupa em nada com a unidade dos povos do Sul,(…) que trabalha para o imperialismo , é funcionário do imperialismo e só faz para ser avaliado lá no Norte, porque não quer saber daquele país que o elegeu”.
As respostas às críticas de Boric também vieram do Planalto (que se somou às do presidente uruguaio Luis Lacalle Pou): “Sempre defendi a ideia de que cada país é soberano para decidir seu modelo político, seus assuntos internos”, argumenta o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e frisa que “ninguém é obrigado a concordar com ninguém”.
Na segunda-feira, às vésperas da reunião de Chefes de Estado do Cone Sul, o presidente anfitrião recebeu seu homólogo Nicolás Maduro na sede da Presidência da República Federativa, onde Lula garantiu que “a Venezuela deve mostrar sua narrativa para que pode realmente fazer as pessoas mudarem de ideia. Você (presidente Maduro) precisa construir sua narrativa. E sua narrativa será infinitamente melhor do que o que estão contando sobre você.“