País pode terminar 2022 com o total inédito de mil mortes pela doença, número hoje já é 15% maior que o registrado em 2019, último ano pré-pandemia
O GLOBO – De acordo com o último boletim epidemiológico sobre arboviroses divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil acumula 968 óbitos causados pela dengue em 2022. É o número mais alto desde 2015, quando foram 986 registros, e o país atingiu o recorde histórico. Porém, até o fim do próximo mês, com base no ritmo em que as mortes avançaram nas últimas semanas, o Brasil deve ultrapassar esse total.
A previsão foi inclusive motivo de alerta da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) no início do mês. Em comunicado, a entidade médica afirmou que há uma “tendência real de chegarmos perto de mil mortes neste ano atingindo um recorde”, e pediu mais atenção às medidas preventivas da doença, como o combate ao mosquito vetor do vírus, o Aedes Aegypti.
“É urgente que tenhamos uma política de retomada efetiva para combater o vetor da dengue. A situação é crítica, por isso fazemos esse alerta nacional”, destacou na nota o vice-presidente da SBI, o infectologista Alexandre Naime Barbosa.
Casos crescem 180%
Segundo o boletim epidemiológico mais recente, até o dia 12 de novembro foram 1.378.505 casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 180,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O documento do Ministério da Saúde destaca que neste ano a região mais afetada tem sido a Centro-Oeste, com uma incidência de 1.955,6 casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está a região Sul, com 1.038,5; a Sudeste, com 504,4; a Nordeste, com 413,6; e a Norte, com 240,5 diagnósticos por 100 mil pessoas.
O coordenador do Comitê de Arboviroses da SBI, Antonio Bandeira, chama atenção para a disseminação da doença não ser mais restrita aos locais mais quentes, com aumento significativo no Sul do país, por exemplo.
Mortes disparam
Em relação aos óbitos, o país tem hoje um número 293% maior que o registrado durante todo o ano passado, quando foram apenas 246 mortes. Os estados com mais registros neste ano são São Paulo (275), Goiás (149), Paraná (108), Santa Catarina (88) e Rio Grande do Sul (66).
Quando comparado com 2019, último ano pré-pandemia e quando o Brasil registrou um recorde de mais de 2 milhões de contaminados, 2022 já conta com um total de mortes 15% maior que o total durante os 12 meses daquele ano.
Especialistas reforçam que, em caso de sintomas, é importante buscar o atendimento médico para realizar o diagnóstico da doença e receber o tratamento adequado. Geralmente, os sinais envolvem febre abrupta, dores de cabeça, dores no corpo, nas articulações e ao redor dos olhos. A infecção também pode provocar manchas avermelhadas na pele, enjôos e vômito.