Desnecessidade da explosão da bomba atômica

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Com relação à construção da bomba atômica, em teoria então possível, houve corrida para ser o primeiro país a fabricá-la

A ciência, desde o primeiro conflito mundial, já estava a favor do militarismo e da guerra, ou seja, estava a serviço do Estado, se curvando frente aos interesses de cada país, pouco ou nada importando com as consequências de suas descobertas, com relação principalmente à população civil e também no que tange às possíveis crimes de guerra.

Aliás, e como sempre, crime de guerra é praticado apenas pelos países de menor poderio militar e econômico e passam ao largo dos países imperialistas, como, por exemplo, Estados, Unidos, Inglaterra e França, com suas guerras internas e externas, com seus genocídios e descumprimentos das próprias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, fato a desmoralizar o já desacreditado direito internacional que, na verdade, continua sendo o emprego da força pelo mais forte.

Com relação à construção da bomba atômica, em teoria então possível, a corrida para ser o primeiro país a fabricá-la ocorreu, primeiramente, entre a Alemanha, de Hitler, e os Estados Unidos. Estávamos na segunda guerra mundial imperialista.

A Alemanha não conseguiu, antes dos Estados Unidos, tal intento, felizmente, em razão da burrice do ditador Hitler e seus asseclas, em expulsar diversos cientistas, em razão de serem judeus, daquele país, a exemplo de Albert Einstein, cientista que superou, em muito, o paradigma da ciência do século XX.

Depois e como alguns historiadores comentam, na própria Alemanha havia cientistas, sérios e responsáveis, que estavam sabotando o projeto atômico, considerando que, caso a bomba atômica fosse construída primeiramente naquele país, então totalitário, a vitória da Alemanha se concretizaria e o mundo se tornaria uma grande colônia do povo ariano, autoproclamado de a raça pura e, portanto, a única a ter condições de exercer o imperialismo/colonialismo na fase da terra, escravizando os demais povos de sangue impuros.

Haja idiotice no pensamento hitleriano/ariano. E, o triste, é que aquele ditador maluco teve seguidores nos meios intelectuais também e agora se fala no absurdo do surgimento do neonazismo, se é que o nazismo realmente despareceu, após o término da segunda guerra mundial, como deveria ocorrer, depois da comprovação das inúmeras barbáries praticadas por aquele regime, com destaque para a matança de inúmeros judeus, em diversos campos de concentração instalados nos diversos países da Europa, então conquistados pelo ditador Hitler.

Mas voltando à bomba atômica, quem acabou construindo-a foram os Estados Unidos, quase já no fim da segunda guerra mundial. E a partir daí surgiu o medo com o surgimento do terrorismo atômico, considerando que, sempre o país primeiro construtor da bomba atômica, ameaça com possível nova explosão, como aconteceu com a China, único país, na atualidade, a impedir o plano dos Estados Unidos de se tornar o xerife do mundo e, por consequência, de impor sua política imperialista, reinando absoluto.

Outras ameaças ocorreram, por parte dos Estados Unidos, como, por exemplo, quando Truman pretendeu lançar um ultimato à URSS e à China Popular, explicando que a “desobediência “significa que Moscou, São Petersburgo, Mukden, Vladivostok, Pequim, Xangai, Port Arhtur, Dairen, Odessa, Stalingrado e todas as instalações industriais na China ou na União Soviética serão eliminadas.” (Losurdo, Fuga da História, 2004, p. 27).

Essas ameaças podem ser rotuladas de terrorismo internacional e demonstra que as questões étnicas e humanitárias ficaram esquecidas, considerando que os meios justificam o fim: o de dominar, com exclusividade, o mundo.

E, no momento atual, com uma leitura isenta da história e uma dessacralização dos Estados Unidos, o lançamento das bombas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, com a matança de milhares de pessoas e a contaminação ambiental por décadas, era de total desnecessidade, considerando que o Japão já estava preste a se render. A guerra estava chegando ao fim.

Portanto, o lançamento destas duas primeiras bombas naquelas indefesas populações civis japonesas foi mera e irresponsável demonstração de força, de desumanidade, de desrespeito à vida. Foi o aviso, principalmente à URSSS, de que o dono do mundo doravante era os Estados Unidos da América. E, por mais paradoxal que seja, para contrapor a tal realidade, necessário foi o surgimento de novas bombas atômicas em diversos outros países.

Portanto, “visando mais do que a um país derrotado, o recurso à bomba atômica tinha como mira a URSS; é esta a conclusão à qual chegaram autorizados historiadores norte-americanos, com base em uma documentação incontestável. A nova terrível arma não pode ser experimentada a título demonstrativo, em uma zona deserta, mas deve ser repentinamente lançada sobre duas cidades, de modo a que os soviéticos compreendam imediatamente e completamente a realidade das relações de força e a determinação norte-americana de não recuar diante de nada.”. (Losurdo, p. 28).

Evidentemente que, despois das notícias da destruição horrível e desnecessária das duas cidades japonesas, tais fatos causaram indignação na opinião pública americana. Assim, o governo se apressou a apresentar leviana e inverídica justificativa, para o mundo, no sentido de as duas carnificinas perpetradas foram necessárias para salvar milhões de vidas humanas.

Como se vê a imprensa e o governo americano, de há muito tempo, pratica fake news. Pretendeu o governo americano, com notícia falsa, eliminar os críticos contra a explosão desnecessária das bombas e também como o escopo de “habituar a opinião pública à ideia da absoluta normalidade do recurso à arma atômica (e novamente a URSS era advertida)” (Losurdo, p. 29).

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