Dois livros indispensáveis aos brasileiros que amam ou odeiam a Cidade Luz
Não importa a crise, a guerra, as rebeliões ou o que dizem os ressentidos de plantão: Paris continua sendo a cidade mais sedutora e cosmopolita do mundo. Tanto é verdade que ela acaba de inspirar dois livros indispensáveis aos brasileiros que a amam ou odeiam, se é que é possível odiá-la.
Em “Hemingway e Paris – um caso de amor”, em segunda edição pela Gryphus, Benjamim Santos resgata a histórica paixão do autor de “Paris é uma festa” pela cidade que o seduziu desde o primeiro flerte. Em “Para entender Paris”, pela editora Matrix, Selma Santa Cruz nos revela detalhes históricos da metrópole que se tornou a capital do Existencialismo.
Antes de se dedicar à comunicação corporativa como sócia-diretora do Grupo TV1, Selma Santa Cruz foi editora e correspondente internacional do Estadão e da revista Veja. Morou nos Estados Unidos e na França por muitos anos. Mestre em Comunicação pela USP, é apaixonada por História, particularmente pela história da capital francesa.
Camadas da história local
“Para entender Paris” resgata curiosidades e episódios históricos, desde os tempos em que a cidade se chamava Lutécia, no auge do Império Romano, até os dias atuais, com as ruas e o metrô tomados por imigrantes muçulmanos e turistas de todas as partes do mundo. A narrativa é sedutora e simplesmente irresistível.
O livro revela, por exemplo, que o Louvre foi originalmente uma gigantesca estrutura de defesa da cidade, erguida no final do século XII, durante o reinado de Felipe II. Além do famoso museu, a autora conta a história de vários monumentos, bem como de personagens famosos, entre escritores, pintores, nobres, políticos e revolucionários.
Emocionante, por exemplo, a vida e a morte do imperador do Brasil, D. Pedro II, na Cidade Luz, que o amava e admirava. Selma também conta que o Château de Vincennes, próximo à linha 1 do metrô parisiense, foi uma famosa prisão na qual encarceraram personagens como Diderot, Voltaire, Marquês de Sade e a famosa espiã Mata Hari.
Para entender Hemingway
Já em “Hemingway e Paris – um caso de amor”, Benjamim Santos segue as pegadas do romancista pela cidade onde Hem chegou em dezembro de 1921, decidido a se tornar escritor profissional. Fã incondicional do autor americano, Benjamim prende o leitor desde os primeiros parágrafos, com seu estilo simples e direto, que lembra o do ídolo.
Mesmo tendo como foco principal o autor de “Adeus às armas” e “O velho e o mar”, o escritor brasileiro resgata o charme da Paris dos anos loucos, da Era do Jazz e da Geração Perdida. Ele fala também da relação de Hemingway com outros autores, entre eles Gertrude Stein, Ezra Pound, Scott Fitzgerald, Ford Madox Ford e James Joyce.
“Escrevi (este livro) para melhor entender Hemingway”, admitiu o autor numa recente entrevista. Além de anotações feitas durante várias viagens a Paris, Benjamim se baseou em cartas e livros do romancista de quem sempre foi fã. A ideia era seguir as pegadas do ídolo pela Cidade Luz, entre 1921 e 1959, quando Hem esteve lá pela última vez, dois anos antes de se suicidar com um tiro de espingarda.
O livro dialoga com “Paris é uma festa”, publicado três anos após a morte do vencedor do Prêmio Nobel de 1954. Pode-se dizer que as duas obras se entrelaçam. Foi em Paris que Hemingway encontrou a própria voz e definiu o estilo literário que o consagraria como um dos maiores escritores de todos os tempos. Sua influência sobre as gerações que o sucederam é sentida até hoje, sendo o próprio Benjamim Santos um exemplo disso
