Indignados com a invasão da Ucrânia, os legisladores da maior cidade de Nova Jersey atacaram um dos símbolos mais próximos da Rússia que puderam encontrar – dois postos de combustível Lukoil.
A Câmara Municipal de Newark votou por unanimidade na quarta-feira para pedir ao prefeito da cidade que suspenda as licenças de operação dos postos de combustíveis, Lukoil cuja matriz tem sede em Moscou.
Ao fazê-lo, no entanto, prejudicaram diretamente os americanos.
Os postos são franquias que pertencem a moradores locais, não a russos. Essas empresas empregam apenas trabalhadores de Nova Jersey. E a gasolina vendida nos estabelecimentos vem de uma refinaria local, a Phillips 66.
A campanha direcionada aos postos de gasolina é um exemplo de efeito colateral da reação de ódio contra a Rússia, quando funcionários do governo e clientes correm para mostrar seu “apoio” à Ucrânia boicotando produtos e empresas – ou coisas que eles consideram russas.
Destilando ódio em vez de vodka
Em alguns lugares, as pessoas estão servindo a vodka Smirnoff, sem perceber que a bebida é de propriedade de uma empresa inglesa e as garrafas consumidas nos EUA são destiladas em Illinois. Os americanos, que jamais se importaram com as mortes patrocinadas por suas guerras e conflitos no Oriente Médio, Ásia, África e América Latina, agora morrem de amor pela Ucrânia e destila ódio contra a Rússia.
Charlie Tgibedes, dono do Box Seats, um restaurante e bar em North Attleboro, Massachusetts, disse ao jornal The Sun Chronicle que não está comprando mais vodka de empresas russas, mas questionou a sabedoria de jogar fora a que já tem.
“Parece bom fazer isso, mas o material já está no prédio e pago. Você está apenas se prejudicando jogando a vodka fora”, disse ele.
Nas redes sociais, as pessoas pediram boicotes aos postos Lukoil, que operam em 11 estados, principalmente no nordeste dos EUA. Autoridades de Newark disseram eliminar os postos da Lukoil é a coisa certa a se fazer, mesmo que sejam de americanos.
“Todos nós estamos horrorizados com as imagens que estamos vendo” da invasão da Ucrânia pela Rússia, disse o membro do Conselho Municipal de Newark, Anibal Ramos, na quarta-feira. “Hoje Newark está se solidarizando com vários países ao redor do mundo que estão apoiando a democracia e aplicando sanções contra a Rússia.”
Em um comunicado publicado em seu site na quinta-feira, o conselho de administração da Lukoil expressou “suas mais profundas preocupações com os trágicos eventos na Ucrânia” e pediu “o término mais rápido do conflito armado”.
“Expressamos nossa sincera empatia por todas as vítimas afetadas por esta tragédia. Apoiamos fortemente um cessar-fogo duradouro e uma solução de problemas por meio de negociações sérias e diplomacia”, afirmou.
Não ficou claro quando as licenças das estações de Newark seriam revogadas ou se o prefeito da cidade irá suspender a empresa. Ramos, que apresentou a resolução, disse que isso acontecerá em breve.
Sob um contrato de franquia típico da Lukoil, a empresa atua como proprietária do serviço. Os postos pagam aluguel, impostos e dividendos à empresa e também se compromete a comprar uma certa quantidade de combustível a cada mês.
Sal Risalvato, diretor executivo da New Jersey Gasoline, Convenience Store and Automotive Association, chamou a repressão aos postos de “nada mais do que teatro político”.
“Todos os donos de postos condenam o que a Rússia está fazendo na Ucrânia, mas não merecem perder seus negócios e seus investimentos por causa do mau comportamento da Rússia”, escreveu Risalvato em um e-mail.
Ramos disse que a suspensão da licença em Newark deve ser temporária e seu escritório recebeu ligações de empregadores oferecendo empregos a qualquer funcionário de posto de gasolina afetado.