Saiba como a elite impede o Brasil de enriquecer
UOL – A economia brasileira, marcada por extrema desigualdade e pobreza disseminada, levanta questões sobre os motivos que mantêm o país afastado da prosperidade observada em outras nações. Os economistas Daron Acemoglu, James Robinson e Simon Johnson, premiados com o Nobel de Economia de 2024, oferecem uma análise crítica que contextualiza o Brasil: as instituições extrativas, estabelecidas desde o período colonial, foram moldadas para privilegiar uma elite dominante, perpetuando a exclusão social e freando o desenvolvimento econômico do país.
Instituições inclusivas vs. instituições extrativas
Com base em estudos históricos e matemáticos, os laureados mostram que países com instituições inclusivas, onde o bem-estar é amplamente distribuído, atingem um desenvolvimento socioeconômico mais robusto. Em contraste, instituições extrativas, como no caso do Brasil, beneficiam uma minoria que controla o poder político e econômico. A condição colonial brasileira, voltada à exploração de recursos, criou uma estrutura que favorece elites ao invés da população em geral, modelo que difere das colônias de povoamento como Estados Unidos e Canadá, onde as instituições apoiam o desenvolvimento coletivo.
A persistência da desigualdade
O economista Naercio Menezes, em análise recente, relaciona a teoria dos ganhadores do Nobel ao contexto brasileiro, demonstrando como a elite do país resistiu historicamente à inclusão social. Em 1985, o direito ao voto para analfabetos foi finalmente conquistado, enquanto o sistema educacional e de saúde público evoluiu lentamente. Em 1970, apenas 7% dos brasileiros tinham concluído o ensino médio, e o SUS só foi instituído na Constituição de 1988, revelando a falta de investimentos no desenvolvimento humano.
Consequências da exclusão e a dificuldade do progresso
A manutenção de uma população sem acesso adequado à educação e saúde impossibilita o Brasil de se aproximar das nações mais avançadas tecnologicamente. Segundo os ganhadores do Nobel, as instituições extrativas impedem que o país aproveite plenamente as inovações, pois falta mão de obra qualificada para implementá-las de forma eficaz. Esse atraso é proposital: o poder é retido por uma elite que prefere evitar mudanças que poderiam enfraquecer sua posição.
Uma possível transformação
Embora o cenário ainda seja desafiador, houve avanços nos últimos 30 anos. Programas como Bolsa Família, cotas universitárias e o fortalecimento do SUS são sinais de mudança. Contudo, resistências persistem, sobretudo nas políticas de subsídios e privilégios setoriais. Para que o Brasil caminhe rumo à igualdade e à prosperidade, é necessário intensificar a inclusão social e reduzir a influência das elites extrativas. Transformar o sistema exige um compromisso contínuo com políticas inclusivas que possam construir uma base sólida para o desenvolvimento sustentável do país.
A estrutura de poder no Brasil, sustentada por instituições extrativas, limita o progresso e o bem-estar da população. Para mudar essa realidade, será preciso fomentar políticas que democratizem o acesso a recursos básicos e promovam o desenvolvimento social. Este é um caminho longo e exigente, mas essencial para que o Brasil alcance uma economia mais próspera e igualitária.