A política econômica de Paulo Guedes e a restauração neoliberal em curso desde 2016, somadas à pandemia da Covid-19, aceleraram um processo que já estava em curso
Nos últimos 15 anos, a indústria brasileira caiu da 9ª para a 14ª posição entre maiores do mundo. No mesmo período, a participação brasileira na manufatura global caiu de 2,2% para 1,3%, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
A política econômica de Paulo Guedes e a restauração neoliberal em curso desde 2016, somadas à pandemia da Covid-19, aceleraram um processo que já estava em curso. O valor que investimentos adicionaram à economia encolheu 1,5% ano após ano, entre 2005 e 2020.
A falta de investimentos fez o país ficar para trás na modernização das indústrias. “A pandemia só reforçou um movimento dos últimos dez anos, de recalibragem do processo tecnológico, que é a essência da indústria 4.0, com a modernização de todas as atividades econômicas”, diz Rafael Cagnin, economista do Iedi, ao Estadão.
Com o avanço tecnológico, especialistas alertam que a manufatura brasileira pode ficar para trás em relação ao resto do mundo. “Não menos honrosos, os empregos de baixa qualificação têm salários condizentes com o que produzem”, diz Glauco Arbix, coordenador da área de humanidades do Centro de Inteligência Artificial da USP, ao jornal paulistano. “Essa situação condena o Brasil a ser um país de renda média — e à profunda desigualdade”.