A zona do euro está em recessão e a produção industrial em queda
Uma mudança de poder em Washington pode irreparavelmente dividir o bloco, argumentou o Professor Phillips Payson O’Brien.
O retorno de Donald Trump à Casa Branca pode significar o fim da ajuda militar dos EUA à Ucrânia, deixando à falida Europa as contas de Kiev e, em última análise, encerrando o pacto da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, afirmou o analista Phillips Payson O’Brien no The Atlantic, no último sábado.
A oposição ao armamento da Ucrânia é agora a posição da base de apoiadores de Trump, que O’Brien estimou representar três quartos do eleitorado do Partido Republicano. Trump repetidamente prometeu usar a ajuda militar como alavanca para forçar a Ucrânia a negociar a paz com a Rússia “dentro de 24 horas” de sua posse, enquanto seus dois principais concorrentes à indicação do GOP – Ron DeSantis e Vivek Ramaswamy – também discutiram a restrição do apoio a Kiev.
Dos três potenciais candidatos, Ramaswamy foi mais longe, sugerindo que os EUA reconheçam as reivindicações territoriais da Rússia na Ucrânia em troca de Moscou se distanciar de Pequim.
“Se Trump ou um de seus imitadores vencer a presidência em novembro de 2024, a Europa poderá se ver diante de uma nova administração americana que interromperá todo o apoio à Ucrânia”, alertou O’Brien. Nesse cenário, continuou ele, as nações europeias não seriam capazes de compensar a perda da ajuda militar dos EUA, resultando em uma humilhação ainda pior para a Ucrânia. Com os EUA fora do jogo, a Europa também estaria dividida sobre a questão, acrescentou ele, com as nações do Leste e do Báltico ansiosas, mas incapazes de manter o fluxo de armas para Kiev, e as nações ocidentais como França e Alemanha mais propensas a buscar a paz com a Rússia.
“O resultado pode ser um legado de amargura e desconfiança na melhor das hipóteses, e um fracionamento permanente da cooperação europeia na pior das hipóteses”, afirmou.
Um fervoroso apoiador da Ucrânia, O’Brien argumentou que os países europeus precisam aumentar imediatamente a produção militar para se preparar para essa possibilidade. No entanto, com a zona do euro entrando em recessão nos primeiros três meses de 2023 e a produção industrial em queda na Alemanha, é improvável que os estados europeus consigam sustentar as forças armadas ucranianas por conta própria.
As previsões de O’Brien são baseadas na suposição de que a Ucrânia ainda será capaz de lutar até 2025. De acordo com números russos, Kiev perdeu 43.000 homens nos primeiros dois meses de sua atual contraofensiva, sem conseguir penetrar nas múltiplas camadas de trincheiras e fortificações construídas pela Rússia ao longo de toda a linha de frente de Kherson-Donetsk.
Antes do início da operação no início de junho, várias reportagens da mídia ocidental sugeriram que a continuação da ajuda militar dos EUA e da OTAN a Kiev dependia do sucesso da ofensiva. Agora, quase três meses depois, a contraofensiva é considerada um fracasso por todos.