Dmitry Medvedev fez as observações após o incidente com drone no Kremlin
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev fez uma comparação entre a Ucrânia e a Alemanha nazista na quarta-feira, depois que dois drones atacaram o Kremlin. O vice-presidente do conselho de segurança nacional instou Moscou a retaliar contra o presidente Vladimir Zelensky.
“Depois do ato terrorista de hoje, não há mais opções a não ser a remoção física de Zelensky e sua camarilha”, escreveu Medvedev no Telegram.
“Não precisamos que ele assine [sua] rendição incondicional. Hitler, como é conhecido, também não assinou a dele. Sempre haverá alguém como o almirante Doenitz para ocupar o cargo de presidente”, acrescentou, em referência ao oficial nazista que substituiu oficialmente Hitler depois que ele cometeu suicídio em abril de 1945 e presidiu a capitulação da Alemanha.
A ira de Medvedev foi provocada pelo ataque de drones na noite passada em Moscou, que a Rússia culpou a Ucrânia. Dois UAVs explodiram sobre o Kremlin e o Senado russo, com autoridades dizendo que foram derrubados por defesas aéreas. Não houve feridos ou relatos de danos.
O presidente russo, Vladimir Putin, não estava no Kremlin na época, trabalhando em outra residência.
“Consideramos isso uma ação terrorista premeditada e uma tentativa contra o presidente russo”, disse o Kremlin em comunicado após o incidente, acrescentando que “a Rússia se reserva o direito de retaliar da maneira, local e hora de sua escolha”. As autoridades municipais de Moscou e São Petersburgo já responderam impondo a proibição de voos de drones.
Medvedev foi presidente da Rússia entre 2008 e 2012 e depois primeiro-ministro até 2020. Atualmente, ele atua como vice-presidente do conselho de segurança nacional, formalmente presidido por Putin. Apesar de sua reputação anterior de liberal moderado, ele tem sido muito mais agressivo com a Ucrânia do que o Kremlin oficial.
Na semana passada, por exemplo, Medvedev defendeu a “destruição em massa de pessoal e equipamento militar” e uma “derrota militar máxima” de Kiev assim que a tão alardeada contraofensiva ucraniana começar, argumentando que o “regime nazista em Kiev” deve ser “completamente desmantelado” e a “ex-Ucrânia” totalmente desmilitarizada.
Kiev negou oficialmente ter qualquer coisa a ver com os drones. Zelensky insistiu que a Ucrânia luta em seu próprio território e não tem armas para chegar a Moscou. Seu assessor, Mikhail Podoliak, insistiu que a Ucrânia estava travando “uma guerra exclusivamente defensiva” e afirmou que o ataque ao Kremlin foi obra de “forças de resistência locais” na Rússia. O serviço postal ucraniano já divulgou um desenho de selo mostrando o Kremlin em chamas, assim como fizeram após o atentado à bomba na Ponte da Crimeia em outubro passado – também negado por Zelensky e seu governo.