Família de casal de extrativistas assassinados no Pará ainda pede por Justiça dez anos após o crime

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Maria do Espírito Santo e José Claudio foram vítimas de uma emboscada em maio de 2011. Fazendeiro condenado como mandante do crime segue foragido.

Dez anos após o assassinato dos extrativistas José Claudio e Maria do Espírito Santo, a família ainda busca por Justiça. O fazendeiro apontado como mandante do crime, José Rodrigues Moreira, continua foragido, mesmo condenado a 60 anos de prisão pelo duplo homicídio.

O casal denunciava a extração ilegal de madeira no sudeste do Pará. Eles foram vítimas de uma emboscada no dia 24 de maio de 2011 no assentamento agroextrativista Praia Alta-Piranheira, na zona rural de Nova Ipixuna. Alberto Lopes do Nascimento e Lindonjonson Silva Rocha foram condenados em 2013 a mais de 40 anos de prisão por envolvimento nos assassinatos.

Histórico do caso: José Cláudio Ribeiro da Silva | Front Line Defenders

José Cláudio Ribeiro da Silva – membro do grupo ambientalista Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS, e líder do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira em Nova Ipixuna, Pará. (status: assassinado)

Histórico do caso: Maria do Espírito Santo da Silva | Front Line Defenders

Maria do Espírito Santo da Silva era membro do grupo ambientalista Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS, e líder do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira em Nova Ipixuna, Pará. (status: assassinada)

O rosto dos dois é símbolo de luta e resistência mundo afora. “Uma década sem José e sem Maria, mas também uma década de luta em memória ao que eles representam na defesa dos direitos e do meio ambiente”, afirmou a irmã de José Claudio, Claudelice Santos.

“Nesses dez anos o nosso sentimento é de que ainda a justiça não foi feita, e nós precisamos que a justiça seja completa”, disse.

A família criou um instituto com o nome do casal para propagar informações e memórias de luta dos dois. A programação é veiculada na internet em podcasts nas plataformas digitais e nas redes sociais.

Relembre o caso

José Cláudio e Maria do Espírito Santo foram mortos no dia 24 de maio de 2011. Eles seguiam de moto por uma estrada na zona rural de Nova Ipixuna, quando foram abordados e mortos pelos assassinos. José Cláudio teve uma das orelhas cortadas quando ainda estava vivo.

Os peritos localizaram uma máscara de mergulho na cena do crime que continha material genético de um dos réus condenados. Na casa do agricultor José Rodrigues Moreira foi encontrado o equipamento de mergulho.

Meses antes de suas mortes, José Cláudio e Maria denunciaram as ameaças que estavam sofrendo e apontavam fazendeiros e madeireiros como os ameaçadores. As entidades esperavam que o inquérito da Polícia Federal sobre o caso pudesse avançar na identificação de outros suspeitos do crime.

Em junho de 2011, após a morte do casal a Força Nacional de Segurança escoltou duas famílias de agricultores que estavam sofrendo ameaças de morte no assentamento Praia Alta-Piranheira, em Nova Ipixuna. Eles viviam no mesmo local onde os extrativistas José Cláudio e Maria foram mortos.

Com as famílias, também foi retirada a irmã do extrativista Ribeiro da Silva, Claudelice Silva dos Santos. Ao todo, foram dez pessoas, cinco adultos e cinco crianças. Todas foram retiradas pela Força Nacional e agentes federais e levadas para um local desconhecido em Marabá (PA), por medida de segurança.

O agricultor José Martins sofreu ameaças de morte e teve quatro construções em sua propriedade queimadas por fazendeiros da região. Ele já havia sinalizado que deixaria o assentamento, deixando para trás seus múltiplos pequenos cultivos. Ele foi um dos escoltados pela Força Nacional e, atualmente, vive em outro estado no Norte do país.

Um dos outros escoltados pela Força Nacional já havia denunciado ao que tinha sofrido ameaças de morte por parte de policiais civis e militares. O agricultor, que pediu para não ser identificado, chegou a viajar até Brasília para relatar as ameaças para o Ministério dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente.

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