Fenômeno improvável: cresce número de empregados que pedem demissão

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Pesquisador americano aponta quatro fatores que explicam onda de demissões voluntárias em vários países

Em meio à crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19 em todo o mundo, que gerou uma massa de desempregados e agravou a fome em muitos países, um fenômeno improvável está acontecendo.

Uma onda de pedidos de demissão está tomando os Estados Unidos. O país vive um momento de várias renúncias no mercado de trabalho, superando, inclusive, níveis pré-pandêmicos, o que chama a atenção das autoridades. Só no mês de abril, quase 4 milhões de norte-americanos pediram demissão.

O fenômeno, no entanto, não se restringe aos Estados Unidos. Segundo uma pesquisa recente, 41% dos trabalhadores do mundo estão considerando deixar seu atual emprego em 2021.

A pandemia de coronavírus atingiu intensamente o emprego nos Estados Unidos. Em apenas dois meses, entre fevereiro e abril de 2020, o número de desempregados no país subiu de 5.717.000 para 23.109.000.

Depois do baque inicial, governos, empresas e funcionários passaram a se adaptar ao novo cenário e o mercado de trabalho começou uma retomada gradual.

Antes da pandemia, a taxa de desemprego nos Estados Unidos era de 3,5%. Com essa recuperação parcial, a porcentagem ficou em 5,8% no último mês de maio, bastante abaixo dos 14,8% em abril de 2020.

Essa onda de demissões, portanto, não parece fazer sentido.  Ela ocorre no mesmo país em que há mais de 9,3 milhões de desempregados, de acordo com dados de maio do Departamento do Trabalho. Então, por que os norte-americanos estão deixando seus empregos?

Embora sejam inúmeras as razões individuais pelas quais os trabalhadores podem se demitir, um pesquisador da Universidade do Texas, o professor Anthony Klotz, afirma que há quatro grandes motivos para a atual onda de demissões voluntárias.

A primeira é que muitos funcionários que já queriam deixar seus empregos em 2020 adiaram essa decisão. Segundo ele, entre 2015 e 2019, o número de demissões nos Estados Unidos cresceu ano após ano, mas esse número caiu muito em 2020, dada a incerteza da pandemia. A estimativa é que no ano passado houve quase 6 milhões de demissões a menos nos EUA do que o esperado.

Com o avanço da vacinação e a melhoria da economia no país, muitas pessoas podem ter sentido um cenário mais favorável para concretizar a saída do emprego.

Já o segundo fator que pode ter impulsionado esse fenômeno é o esgotamento do trabalho, seja entre os trabalhadores de serviços essenciais ou de pessoas que acumularam funções durante a pandemia.

Em terceiro lugar, o professor aponta os momentos de revelação ou epifania que podem ocorrer na vida do trabalhador.

Eles acontecem quando um funcionário, que pode estar feliz com seu emprego, de repente vive uma situação que o faz querer deixar o cargo, como, por exemplo, não conseguir a promoção que esperava ou ver algum colega ser demitido.

Por fim, a expansão do trabalho remoto durante a pandemia também pode levar pessoas a se demitirem.

Segundo um estudo internacional encomendado pela Microsoft, 70% dos funcionários querem que as empresas mantenham a opção flexível do trabalho remoto, e 45% dos que trabalham remotamente têm planos de se mudar para um novo local de moradia, já que não precisam mais ir para o escritório.

A boa notícia é que cada vez mais empresas estão dispostas a oferecer essa possibilidade a seus funcionários. De acordo com dados da plataforma LinkedIn, anúncios na rede social que oferecem cargos remotos aumentaram cinco vezes entre maio de 2020 e maio de 2021.

O setor de mídia e comunicação lidera a oferta de empregos remotos, com  27% das vagas, seguido pela indústria de software e tecnologia da informação, com 22%.

Ao mesmo tempo, quase 25% de todas as inscrições para vagas feitas entre o final de abril e maio na plataforma do LinkedIn foram para empregos remotos.

Nos Estados Unidos, com a enorme quantidade de vagas sendo criadas, os salários estão subindo e as empresas estão oferecendo várias vantagens. A JBS, por exemplo, vai bancar a faculdade de seus funcionários e de um de seus filhos.

Já a Disney está oferecendo um bônus de mil dólares para quem quiser trabalhar nos parques de Orlando.

De modo geral, as pesquisas por empregos com bônus no país aumentaram 134% neste ano, provando o desespero das empresas em ter de volta a força de trabalho perdida durante a pandemia.

Com o avanço da vacinação em todo o mundo e a retomada gradual da economia, muitos trabalhadores terão de decidir como seguir suas vidas. Uma coisa, no entanto, parece clara. Funcionários estão priorizando sua qualidade de vida e buscando melhores condições de trabalho. Resta às empresas acompanhar o ritmo. (O Planeta Azul)

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