Os garimpeiros seguiram em sua maioria para Borba, a 210 quilômetros de Manaus, para se esconder, mas devem retornar imediatamente às atividades
A operação contra as balsas de clandestinas de garimpeiros no rio Madeira vai para o quarto dia na altura do município de Autazes (AM). Ao todo já foram destruídas 131 dragas, máquinas usada nas embarcações para sugar o leito do rio, em busca de ouro, em um trabalho conjunto da Polícia Federal, Ibama e Marinha.
A operação teria sido mais efetiva se não fosse a lentidão do governo. E também se o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB-RJ), presidente do Conselho Nacional da Amazônia, não tivesse avisado na quinta-feira (25) que no dia seguinte a Polícia Federal e a Marinha fariam a inspeção.
O aviso foi suficiente para que as cerca de 300 dragas que estavam na região desde o início do mês, conforme denúncia do Grennpeace, pudessem se dispersar. Na manhã de sexta, poucas daquelas embarcações ainda estavam no mesmo trecho do rio.
Garimpo ilegal há três anos
Os garimpeiros seguiram em sua maioria para Borba, a 210 quilômetros de Manaus, para se esconder. Em grande parte, foram contratados com a família inteira pelos donos das dragas. Mas devem voltar assim que a Polícia Federal deixar o local, disseram em entrevista ao site do jornal O Estado de S.Paulo.
“A gente trabalhava aqui no Madeira há três anos. Nunca destruíram nada. Isso nunca aconteceu”, disse ao jornal o garimpeiro Luiz Henrique Ribeiro, de 26 anos, que pedia carona às lanchas que passavam no rio Madeira para voltar a Novo Aripuanã (AM). E completou:
“Eles podem fazer isso, mas o garimpo não vai acabar. Tem muito ouro aqui”.
O ribeirinho Ivan Medeiros, de 68 anos, morador das imediações onde se concentraram os barcos, disse que os garimpeiros começaram a chegar nos últimos meses.
“Aqui não tinha nada de garimpo. Eles começaram a chegar nos últimos meses. Eles trazem dinheiro.”
Garimpeiros falam em “reagir”
No porto de Borba, para onde a PF está seguindo, há cerca de 100 balsas atracadas. Alguns garimpeiros até falam em reagir, chegando a considerar a possibilidade de incendiar barcos de transporte e até prédios públicos. Mas a maioria teme a presença ostensiva da Força Nacional e da Polícia Militar do Amazonas e o prejuízo que pode ter.
Nos últimos dias, guarnições da Força Nacional e da PM foram enviadas a Autazes, Borba e ao município de Olinda do Norte. O rio é patrulhado por barcos da Marinha, para evitar incêndio das sedes locais do Ibama e do ICMBio, como aconteceu em outubro de 2017, em reação ao trabalho dos órgãos ambientais contra o garimpo ilegal.
Os garimpeiros, em sua maioria, vieram da região de Novo Aripuanã e Humaitá, na divisa entre Rondônia e Amazonas. Do lado de Rondônia, o garimpo é a base da economia tem apoio político. Nos últimos dois anos, a falta de trabalho levou essa população a explorar o rio.
Fonte: Brasil de Fato