Economista alerta para possibilidade de crescimento acelerado se medidas não forem tomadas
247 – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil surpreendeu positivamente ao registrar uma expansão de 0,9% no último resultado trimestral, superando as expectativas dos analistas, que estimavam um avanço mais modesto de 0,2%. Essa reviravolta deve gerar revisões nas previsões de crescimento econômico para 2023, mas também levanta questionamentos sobre o futuro do país em termos de desaceleração econômica.
De 2013 a 2022, o Brasil enfrentou um crescimento médio do PIB de apenas 0,75% ao ano, um desempenho que vem sendo amplamente criticado como aquém do potencial da nação. Nessa segunda-feira, 11 de setembro, o Boletim Focus, uma publicação semanal do Banco Central (BC), revisou mais uma vez as perspectivas para o crescimento da economia brasileira em 2023, elevando a previsão do PIB para 2,64%, um aumento de 0,08 ponto percentual em relação à semana anterior.
No entanto, Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para a América Latina, adverte que o crescimento do Brasil pode desacelerar no segundo semestre de 2023. Ele destaca que, se não fossem os fatores de desaceleração, o país poderia alcançar um crescimento impressionante de cerca de 4%. Ramos menciona que a elevada taxa de endividamento das famílias, uma política monetária restritiva e um cenário externo em desaceleração são fatores que podem influenciar essa possível desaceleração.
O economista também comenta sobre a surpreendente performance do setor agropecuário, que teve uma queda menor do que a esperada. Ramos sugere que essa tendência pode continuar nas próximas leituras, apontando que, no início do ano, as previsões de crescimento eram de apenas 0,8%, mas agora estão caminhando para ultrapassar os 3%.
A mudança de comportamento do consumidor, impulsionada pela pandemia, e o aumento do Bolsa Família e do número de beneficiários também são citados como fatores que impulsionaram a economia. As pessoas estão mais dispostas a gastar, mesmo com preços mais altos em setores como passagens aéreas, hotéis e automóveis, devido à incerteza sobre o futuro.
No entanto, Alberto Ramos adverte que essa tendência de crescimento robusto não durará para sempre. Ele prevê que o PIB brasileiro passará por uma desaceleração no final deste ano devido à alta do endividamento das famílias, à política monetária restritiva e a um cenário externo menos favorável. No entanto, ele enfatiza que, se o Brasil não tomar medidas para desacelerar a economia, é possível que o país alcance um crescimento de 4% até o final do ano.
Sobre as previsões errôneas do mercado em relação ao PIB, Ramos sugere que esses erros podem ser atribuídos a diversos fatores, incluindo a abertura da economia, o impacto da super safra no agronegócio e o estímulo fiscal. Ele reconhece que a pandemia causou perturbações nas séries econômicas, tornando a previsão mais desafiadora.
Para garantir um crescimento sustentável, Ramos enfatiza a necessidade de realizar reformas estruturais pendentes ao longo dos próximos 10 anos. Isso inclui a redução do peso do Estado, a reformulação da carga tributária, a abertura ao comércio internacional e investimentos em capital humano e habilidades, que são essenciais para impulsionar o investimento e o crescimento econômico a longo prazo.