GOLPE 2.0 – economista do Santander divulga relatório em defesa de golpe contra Lula

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Relatório aponta o ex-presidente como ameaça à economia do país e lembrou das acusações de corrupção nos governos petistas; banco informou que texto não corresponde visão da instituição

 

Um suposto relatório divulgado por um economista do banco Santander defende o golpe de Estado para evitar uma possível eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de 2022. A nota é assinada pela consultoria CAC, e enviada pelo economista Victor Cândido, um dos funcionários da instituição. O Santander informou que o texto citado não corresponde, “sob qualquer hipótese, a uma visão da instituição”. 

Segundo o documento, o retorno de Lula representaria uma forte ameaça para o país e citou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), como exemplo de enfraquecimento caso o ex-presidente seja eleito.

“Se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor”, afirma o suposto relatório.

O texto ainda acusa o ex-presidente de corrupção. Lula foi investigado pela Operação Lava Jato e condenado em três instâncias. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu anular as condenações do ex-presidente, pois entendeu que a 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) não tinha competência para analisar casos que envolvia atos em Brasília. Todos os processos foram retornados à primeira instância. 

A pregação golpista do banco espanhol Santander levou a instituição financeira ao topo do twitter depois que seu economista Victor Candido escreveu um relatório propondo um terceiro golpe contra a soberania popular no Brasil, depois da derrubada ilegal de Dilma Rousseff e da prisão política de Lula.

“Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo”, escreveu ele.

Na nota de “esclarecimento”, o Santander informou que “o texto citado não corresponde, sob qualquer hipótese, a uma visão da instituição, que restringe suas análises econômicas a variáveis que impactem a vida financeira de seus clientes, sem qualquer viés político ou partidário”.

Lucro dobrado

O lucro do Santander no Brasil dobrou para R$ 4,1 bilhões no segundo trimestre de 2021, apesar da grave crise social, de saúde e econômica.

Os excelentes resultados do banco espanhol no Brasil se devem muito às atividades especulativas no mercado de dívida do Tesouro e, também, ao financiamento de grandes empresas agroindustriais dos setores de soja e carne.

Nos dois anos de Bolsonaro na presidência houve recordes de desmatamento e a destruição anual de mais de 11 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica, além de milhares de incêndios.

Em contrapartida, durante os anos de Lula na presidência, mais de 30 milhões de brasileiros foram retirados da pobreza e o desmatamento anual caiu 80%.

 

Veja a íntegra da nota do economista do Santander

“Brasília, 11 de agosto de 2021 – nº 10464 

Sobre vários tipos de golpe 

Um escritor alemão advertiu que a História, quando se repete, é como farsa e, ontem, o experimento do presidente Bolsonaro para repetir 1964 terminou como farsa, com seus blindados da Guerra do Vietnã e seus generais funcionários. Não há apoio social, nem apoio do establishment, nem radicalismo de esquerda para justificar uma aventura, que terminaria de forma melancólica com algumas prisões. Por fim, não há interesse do sistema político em um regime bolsonarista. 

Dito isso, é preciso reconhecer um problema na eleição de 2022: a perspectiva de retorno ao poder da máquina de corrupção do governo Lula. Basta comparar os esquemas de corrupção do Mensalão e do Petrolão com as aventuras cômicas de reverendos e militares da reserva tentando uma comissão na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro. Os recursos desviados pelas máquinas políticas dos governos passados ainda não apareceram. Ou seja, se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor. 

Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo”.

 

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