Lean TI é um caminho. Eficiência é primordial ao contexto das empresas (Unsplash/Christina @ wocintechchat.com)
A tecnologia da informação (TI) tem desempenhado um papel cada vez mais importante nas organizações. Presente em todas as áreas das empresas e com evoluções constantes, este papel tem sido decisivo frente aos principais desafios organizacionais e se destacado como componente fundamental para o suporte operacional e gerencial das mesmas.
À medida que os avanços tecnológicos se tornam mais acessíveis para uso nas empresas e novas oportunidades de negócio são geradas, mais investimentos e gastos em TI são demandados. Os gastos e investimentos em TI, desde 1988, têm crescido a uma média 7% ao ano. Nas médias e grandes empresas do Brasil, a média dos gastos e investimentos costuma estar entre 1% e 20% da receita líquida. Diversos estudos já apontam uma correlação positiva entre o uso da governança de tecnologia da informação (GTI) nas empresas e melhora em seus resultados. Existem estudos indicando que para cada 1% a mais de gastos e investimentos em TI nas indústrias de capital aberto, o lucro aumentou 7%, após 2 anos. Outras pesquisam apontam também evidências de que empresas que possuem uma GTI eficiente têm lucro 20% maior do que as demais.
Embora seja às vezes difícil medir o impacto ou os ganhos de produtividade proporcionados pelos investimentos em TI nas organizações, é fato que a GTI é um dos fatores que mediam a relação entre os gastos com TI e o desempenho organizacional. Mas a GTI, quando bem planejada, proporciona um processo decisório claro e transparente e se apresenta como um ativo capaz de viabilizar o engajamento organizacional em torno da área de TI, de seus projetos e processos, alicerçando uma maior percepção para o seu valor como um todo para a organização. As empresas até percebem a TI como um de seus principais ativos, porém, ainda existe bastante complexidade nas decisões para sua adoção, implantação e gerenciamento. Dentro de um contexto de gestão e controle, aprimorados sobremaneira muito em função das exigências dos avanços tecnológicos dos últimos anos, diversos modelos, frameworks e melhores práticas surgiram como caminhos para o alcance da GTI. Somando-se ainda as exigências de regulação impostas por entidades governamentais, visando maior transparência, principalmente das empresas de capital aberto, a GTI ganhou ainda mais relevância por parte das empresas e também dos estudiosos do tema. E a importante questão da segurança da informação torna o tema ainda mais relevante e urgente.
As PMEs (pequenas e médias empresas) representam uma importante parcela da economia nacional e, nos últimos anos, têm suscitado novo interesse daqueles envolvidos com temas ligados à gestão e à competitividade. Independentemente de tamanho, ramo de atividade, mercado e outros fatores, as PMEs fazem uso constante de TI.
Levando-se em conta que o acesso ao crédito para as PMEs é mais limitado, iniciativas mais fortemente voltadas para terceirização de serviços de TI em detrimento às aquisições, são mais comuns. Tal prática, por sua vez, exige ainda mais da PME em termos de gestão e governança, tanto do ponto de vista dos serviços prestados, quanto dos investimentos necessários. Exigências governamentais, os altos investimentos e gastos demandados pela área de TI e os incrementos de serviços de TI terceirizados, são aspectos cobertos por GTI, com clara aderência às PMEs.
Se por um lado, encontramos nas PMEs fatores que justificam ou motivam iniciativas voltadas à GTI, por outro, tem-se em sua implantação, o seu maior desafio. Podemos dizer que a referida complexidade e custo de implantação dos modelos existentes fazem parte desse desafio. Contudo, pensar a implantação desses modelos nas PMEs com a mesma abordagem utilizada nas empresas de grande porte não nos parece um caminho promissor. É preciso uma abordagem voltada à simplicidade, que elimine os excessos e complexidades desnecessárias, tornando os referidos mecanismos de GTI mais acessíveis ao contexto das PMEs. Para isso, uma abordagem relativamente nova, possível, promissora e transformadora se apresenta como uma alternativa aos propósitos mencionados. Trata-se de lean information technology (lean IT), ou seja, a aplicação do pensamento lean aos serviços de TI. Esta abordagem busca maior eficiência e uso dos recursos e funções críticas de TI. Eficiência é primordial ao contexto das empresas, principalmente das PMEs.
A tendência de aumento dos gastos e investimentos em TI cria o cenário propício para o aperfeiçoamento da gestão e da governança. E este aperfeiçoamento deve levar em consideração a realidade de uso de tecnologia da empresa. Muito embora os benefícios da GTI possam ser alcançados em qualquer empresa, independentemente de porte, seus requisitos, necessidades e abrangência podem variar de forma substancial. Neste sentido, a busca por um modelo pragmático que contemple está nuance é muito importante, pois não podemos pensar em ambientes estáticos imunes às mudanças. É preciso melhorar o desempenho dos processos e serviços de TI garantindo um fluxo contínuo de valor e onde se tenha o necessário, e apenas o necessário, para a sustentação do negócio. Logo, baseando-se nas evidências positivas do uso de GTI e nas necessidades para sua adoção, na complexidade e custos elevados das iniciativas de sua implantação, nas altas demandas de investimento na área de TI, bem como na necessidade por eliminação de processos desnecessários, temos a questão chave discutida neste breve texto: como possibilitar que as pequenas e médias empresas obtenham a governança de tecnologia da informação?
Diferenças entre gestão e governança de TI: |
Fazer a gestão das operações de TI e fornecer serviços e produtos de TI de forma eficiente e eficaz são responsabilidades do gerenciamento de TI. |
A GTI deve contribuir para as atuais operações e desempenho do negócio, além de transformar e posicionar a TI para enfrentar os desafios futuros (Peterson, 2004). |