População critica envolvimento da Grécia em conflitos internacionais e pede saída do bloco militar
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Atenas nesta terça-feira (26) para protestar contra a visita do Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, à Grécia. O ato, liderado por membros do Partido Comunista Grego (KKE) e sua ala jovem (KNE), trouxe críticas contundentes ao envolvimento do bloco militar liderado pelos Estados Unidos em conflitos como a guerra na Ucrânia e a crise humanitária em Gaza.
Os manifestantes deixaram claro o repúdio à presença de Rutte, usando frases de impacto como “o chefe da aliança dos lobos da OTAN não é bem-vindo em Atenas”, “Grécia fora da guerra” e “fechem as bases dos EUA e da OTAN”.
Encontro oficial e críticas ao alinhamento militar
A visita de Mark Rutte ocorre logo após sua passagem pela Turquia e incluiu reuniões com o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, e o ministro da Defesa, Nikos Dendias. Segundo comunicados oficiais, as conversas abordaram a cooperação estratégica no âmbito da OTAN, mas foram realizadas sob o peso das manifestações públicas, que denunciaram o “envolvimento cúmplice” da Grécia em operações militares do bloco.
O KKE declarou que a Grécia está sendo arrastada para conflitos internacionais, afirmando que o alinhamento com os EUA e a OTAN faz do governo grego um cúmplice no “genocídio em Gaza” e nas ações militares na Ucrânia.
Oposição crescente à OTAN e ações diretas
Além das marchas, ações diretas contra a presença militar estrangeira vêm crescendo. No início de novembro, manifestantes bloquearam caminhões que transportavam armas destinadas ao exército ucraniano, forçando o comboio a desviar sua rota. Os veículos foram pichados com mensagens como “NATO Killers Go Home”.
As demandas do KKE incluem a saída da Grécia da OTAN, o fechamento de bases militares norte-americanas no país e o redirecionamento de recursos militares para investimentos em saúde e educação.
A mobilização grega ecoa protestos semelhantes na Turquia, onde ativistas também se manifestaram contra a participação do país no bloco militar, alegando que a presença de bases dos EUA representa riscos diretos à segurança nacional.
Escalada militar e críticas internacionais
Desde a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia em 2022, a Grécia tem contribuído com o envio de armas, incluindo veículos blindados de fabricação soviética, e com o treinamento de pilotos ucranianos. Essa postura, alinhada à coalizão F-16, atraiu críticas internas e externas, especialmente entre setores da população contrários ao aumento do envolvimento militar.