Há uma via viável

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Acho que nesta eleição vou abandonar as vias abertas ou em via de abertura, e pegar um atalho

Andei percorrendo as vias abertas ao eleitor para escolher o próximo presidente da República. Examinei uma a uma, cada palmo. Por duas delas todo mundo já passou, conhece bem.

A primeira até que não teria sido intransitável se não se deixasse margear por um bando de malfeitores que cometeram inúmeros assaltos. Amealharam milhões e deram enorme prejuízo à maior empresa estatal do País. Empreiteiras operavam nas suas pistas à base do pagamento de propinas milionárias. Tudo bem que pode ter sido à revelia do concessionário escolhido pelo povo, mas o certo é que fizeram o diabo. Descobriu-se que as margens dessa via eram só margens de lucro.

A segunda via está em pleno tráfego. Cultiva no acostamento as mais condenáveis práticas sob o manto diáfano da presunção de honestidade. É administrada pela Família Rachadinha, especializada na contratação de fantasmas, na compra de parlamentares e na prática do deplorável toma lá-dá cá. São vigilantes dessa via centenas de militares, grande parte da ativa e de alta patente. O chefe manda, todos obedecem, mesmo que estejam na contramão da razoabilidade. Truculento, não é lá muito fã da democracia. Conduz uma boiada ensandecida, que espalha vírus por todo lado, em passeatas e motociatas. Para não revelar as sujeiras, descartou o uso de lava jato. A via que dirige é infestada de milicianos. Em certos trechos, parece apontar para um regime discricionário e fascista. Coisa de louco ainda não varrido.

Descartadas as duas primeiras, passo a examinar as possíveis terceiras vias, que ainda não foram todas abertas. Estão nas fundações. São vias incertas, nebulosas.

Detenho-me em uma delas, a mais antiga, e vejo nela muitos quebra-molas e buracos por todo lado. Cheia de obstáculos e defeitos de fabricação. Nordestina, o que é uma virtude, mas metida a besta, o que é uma lástima. Essa é a própria via das dúvidas.

E eis que surge outra. Uma via arquitetada por grupos da direita radical, que se opõem à direita radical, o que prova ser um estranho paradoxo. Estrada do contraste, do extremismo calculado. Começou a ser aberta muito antes do atual processo eleitoral. Tinha como mestre de obras um juiz que se especializou em interditar uma das vias já abertas e favorita. Coisa que fez para abrir caminho a outra, muito pior e pela qual trafega atualmente a boiada insana.

Sabe de uma coisa? Acho que nesta eleição presidencial vou abandonar as vias propostas e pegar um atalho. Sim, vou entrar num atalho bem interessante. Parece uma estrada vicinal de São José do Jacuri, bucólica, cercada de um odor agradável, como um cafezal em flor. De um lado e do outro eu vejo uma paisagem bonita, horizontes abertos à reflexão. Talvez essa via precise ainda ser pavimentada, sinalizada. Mas não vi sinais de mentiras, falsidade, maldade ou incompetência ao longo de todo o percurso.

É esse o atalho, meus amigos, que vou trilhar se me for aberto. A segunda via do gênero feminino na História, mas muito diferente da primeira, que foi um desastre. Mulher que, se eleita, será presidente, não presidenta. Seu nome, Simone Tebet. É com essa que eu vou.

por Afonso Barroso 

O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente do Voz do Pará
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