Halston, ascensão e queda de um gênio

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Estilista ganha cinebiografia exuberante em série da Netiflix

Sobre a série? Bom, a série em cartaz na Netflix é um filme dividido em cinco episódios, dos quais o ator Ewan McGregor, mesmo rodeado de um elenco estelar, se apropria por inteiro e eleva a magia da interpretação aos píncaros da glória. Heterossexual, casado e pai de quatro filhas, McGregor encarna com talento sobrenatural toda a vastidão da personalidade de um homossexual que em outros tempos seria chamado de uma ‘bichona poderosa’, com afetação arrogante, ambição desmedida e um ego transatlântico. Tudo transposto para a tela com charme, nonchalance  ensaiada e até uma pitada de ternura, mesmo ao reconstituir o capítulo final de um gênio devorado pela perversidade do mercado que ele mesmo inventou. Com certeza Ewan McGregor está, desde já, entre os candidatos ao Oscar de melhor ator de 2021.

Dito isto, vamos aos fatos, ou melhor, ao personagem da hora. Você já sentiu, e bem recentemente, a influência da era disco na cultura pop (você não viveu se não dançou Dua Lipa ou Doja Cat no último ano), mas essa nova produção da Netflix incrementa ainda mais o clima de revival. “Halston” revisita a história do estilista que cravou seu nome na história da moda norte-americana pelo legado luxuoso e ostensivo, sim, mas também libertador e divertidíssimo.

Sob seus traços, peças de roupa conversavam tanto com novos rumos do empoderamento feminino dos anos 1970 quanto com o lifestyle hedonista que imprimiu na marca por quase vinte anos. Halston é símbolo de um império lucrativo que dominou manchetes de negócios, tabloides e colunas sociais até sua reclusão e morte em 1990.

Halston no Studio 54 de Nova York, com Liza Minelli, Andy Warhol e Bianca JaggerHalston (dir) no Studio 54 de Nova York, com Liza Minelli, Andy Warhol e Bianca Jagger

Nascido em 1932 no conservador estado de Iowa, Roy Halston Frowick era o segundo filho de um contador, mas foi através de uma das avós que começou a customizar roupas para a mãe e a irmã. Aos 20 anos, mudou-se para Chicago onde, além de cursar faculdade de Artes e trabalhar como vitrinista, deu pontapé ao negócio de chapeleiro. Em 1957, inaugurou sua loja e passou a assinar com o nome do meio antes de mudar para Nova York no mesmo ano.

Depois de estágio, Halston assumiu lá a criação de chapéus da Bergdorf Goodman, onde acumulou clientes notórias como Kim Novak e Gloria Swanson, ambas do alto escalão de Hollywood.

Foi na caída do acessório que Halston lançou, em 1968, sua linha de moda, empreitada tornada possível pelo investimento da milionária Estella Marsh, de Dallas, no Texas, reduto famoso até hoje de mulheres riquíssimas (alô, petróleo) e de estilo exuberante. Outra ajuda poderosa foi a de Diana Vreeland, editora de moda “mãe” de todas as editoras de moda atuais, responsável por traduzir como nenhuma outra o mood dos anos 1960 e 1970 nas páginas de revistas de moda.

No rolodex de Halston você encontraria o “quem é quem” mais descolado da época: Bianca Jagger, Liza Minnelli, Raquel Welch, Pat Cleveland, Anjelica Huston, Beverly Johnson. As chegadas triunfais nas discotecas ou nos eventos sociais era tática perfeita de branding, e também pilar para tornar Halston instituição de uma época onde a ditadura da moda funcionava a favor de quem brilhava mais.

Veja o trailer oficial da série ‘Halston’

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