Sugiro que o horário eleitoral seja fixado entre uma e meia e duas da madrugada
Depois de ver uns dois ou três programas do horário chamado gratuito nas emissoras de TV e rádio, cheguei à conclusão de que aqueles minutos poderiam ser excluidos peremptoriamente do calendário eleitoral. Não servem para outra coisa senão ao propósito de enganar, de iludir o eleitor. No caso dos mandatos majoritários, o programa é usado para apresentar propostas inviáveis ou agredir o adversário. Penso que o eleitor, por menos esclarecido que seja, não deveria ser exposto a esse tipo de tortura. É verdade que um bom número não acredita em promessas vãs, em fake news ou falácias enganosas. Trata-se, portanto, de um horário perfeitamente descartável.
O que mais se vê nesse horário imposto ao ouvinte ou telespectador é o maltrapilho falando do esfarrapado, o sujo esculhambando o mal lavado, o feio criticando o horroroso, o sem noção desancando o sem vergonha, o espertalhão denunciando o enganador.
No caso dos candidatos aos cargos proporcionais, muitos são os que dispõem de alguns míseros segundos para seus pronunciamentos. Dá pra dizer apenas sou o zé da padaria ou o chico da farmácia ou o ambrósio do sacolão, número tal.
Para resolver o problema dessa intromissão indevida no dia a dia do eleitor, sugiro que o horário eleitoral seja fixado entre uma e meia e duas da madrugada. Seria o horário ideal para o postulante dizer o que quiser. Não é justo que o eleitor seja maltratado com a presença dos candidatos em horário nobre, quando se sabe que de nobreza eles não têm nada, salvo poucas e honrosas exceções. Seria mais adequado um horário pobre para combinar com a pobreza de espírito que assola boa parte deles e dos eleitores.
É bem verdade que há candidatos confiáveis, cultos, honestos e bem intencionados. Mas esses normalmente têm poucos votos, porque o eleitor brasileiro, em sua grande maioria, é o mais manipulável e desinformado do universo. Prefere motociatas e negociatas. Acredita no falso e desacredita do verdadeiro. Daí que seria melhor deixá-lo à vontade para escolher o mais indicado à sua própria ignorância.
Não sou contra a propaganda política. Só acho que ela não deveria ocupar um horário nobre e obrigatório, de ilusória gratuidade na TV e no rádio. Melhor seria que cada candidato usasse seus próprios recursos ou o mesmo o dinheiro sujo do orçamento secreto para elaborar suas mensagens e comprar espaço nas emissoras.
Meu sonho é que daqui a dois anos não tenha de voltar ao assunto.
VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!