Exterior com alta de bancos, entrevista de Haddad, recuperação das commodities e outros fatores criaram combo para a recuperação
Infomoney – O Ibovespa fechou em alta de 2,91% nesta sexta-feira (5), chegando aos 105.148 pontos, e conseguiu apagar as perdas da semana, avançando 0,69% nos últimos quatro pregões – uma vez que segunda foi feriado. O principal índice da Bolsa brasileira surfou por uma série de motivos que envolveram tanto o cenário externo quanto o interno.
Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 1,65%, 1,85% e 2,25%. O VIX, considerado o índice do medo, recuou 14.29%, aos 17.22 pontos.
Além disso, o resultado da Apple (AAPL34), divulgado na véspera, veio acima do esperado e animou investidores. Nem mesmo a publicação do Payroll, que trouxe uma criação de vagas em abril acima do esperado nos Estados Unidos, bem como ganhos salariais avançando e que poderia dar indicações de que o Federal Reserve seguiria com uma política monetária restritiva diminuiu o otimismo. Pelo contrário, uma vez que afastou os temores de recessão.
A melhora do cenário nos Estados Unidos derrubou o dólar mundialmente. O DXY, que mede a força da divisa frente a outros pares internacionais, recuou 0,15%. Frente ao real, a queda foi de 0,98%, negociado a R$ 4,943 na compra e a R$ 4,944 na venda.
No Brasil, a curva de juros também recuou. Os DIs para 2024 perderam um ponto, a 13,02%, e os para 2025, 8,5 pontos, a 11,69%. Os contratos para 2027 foram a 11,45%, com menos 6,5 pontos, e os para 2029, a 11,84%, com menos cinco pontos. Os DIs para 2031 perderam três pontos, negociados a uma taxa de 12,09%.
“O Ibovespa sobe acompanhando as bolsas dos Estados Unidos, que estão em alta em meio à recuperação das ações ligadas a bancos regionais”, diz Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank. “O ministro André Mendonça, do STF, voltou atrás e decidiu revogar a suspensão que havia imposto a um julgamento no Superior Tribunal de Justiça que pode render R$ 90 bilhões ao governo. A decisão favorece o governo é crucial para o sucesso do novo arcabouço fiscal”, menciona.
A notícia provinda do STF junto de uma entrevista concedida pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad à rádio CBN impulsionaram o otimismo. Nesta última, o político petista defendeu que está confiante que o arcabouço será aprovado – e ainda deu outras sinalizações.
“Podemos estar bem próximos do início do ciclo de queda da taxa Selic. Isso, juntamente com a expectativa de juro longo (DI) caindo, é extremamente benéfico para bolsa. Se esse cenário se materializar, a bolsa deve continuar subindo ainda mais nas próximas semanas”, fala Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research. “Normalmente movimentos assim marcam viradas na tendência: o fim de uma tendência de baixa e, talvez, o início de um novo bull market”.
Ainda de acordo com o especialistas, diversos investidores ainda estão subalocados em renda variável. Se houver, realmente, uma melhora no cenário econômico, é possível que se crie um movimento comprador relevante.
“Com o consenso migrando para essa direção, as fortes altas de alguns papéis podem ser explicadas por uma questão técnica. Esse movimento de inversão de momentum é muito comum e forte nos cenários de mudança de tendência: as ações que vinham performando bem caem e, na média, aquilo que vinha caindo dispara. Basicamente estamos vendo investidores vendendo posições mais defensivas (elétricas e supermercados por exemplo) e alocando capital em empresas de beta mais alto”, diz.
Entre as maiores altas do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias da Petz (PETZ3), com mais 15,99%, as da Lojas Renner (LREN3), com mais 9,31%, e as da Alpargatas (ALPA4), com mais 8,60%. As duas últimas companhias subiram bem mesmo após divulgarem, recentemente, resultados que não foram considerados tão positivos por analistas.
Além das empresas ligadas ao mercado interno, o índice também recebeu um impulso das exportadoras de commodities, com esses produtos se recuperando de quedas recentes e com a expectativa de uma economia global mais aquecida. As ações ordinárias da Vale (VALE3) ganharam 3,26%. As ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;[ativo=PETR]), 4,20% e 4,26%.
“No cenário local, mercado sobe forte, com ajuda de commodities e bancos. Bancos vêm performando positivamente após alguns trazerem resultados acima da expectativas”, avalia Harada. O Bradesco (BBDC4), na véspera, divulgou seu resultado do primeiro trimestre.