Infidelidade

Leia mais

Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
O que diferencia o bom do ótimo, é o detalhe. Por pouco, Infidelidade não foi ótimo.

Muitas pessoas não achariam ruim ficar um dia inteiro preso num quarto de hotel luxuoso com seu amante. Mas e se essa ideia tentadora se tornasse o maior pesadelo da sua vida? Essa é a ideia de Infidelidade (An Affair to Die For, 2019) que, como o próprio nome original em inglês revela, conta a história de um caso extraconjugal pelo qual se pode morrer.

Holly (Claire Forlani) e Everett (Jake Abel). Professora e aluno. Ela trai o marido, ele trai a mulher. Um caso tórrido. E então, tudo começa a dar errado.

No começo, o filme lembra bastante Jogo Perigoso (Gerald’s Game, 2017), de Mike Flanagan, quando, na expectativa de uma aventura sexual, Holly fica algemada à cama, em sua camisola preta sensual, completamente a mercê de seu parceiro. Porém as semelhanças param por aí quando Infidelidade toma um ritmo muito mais voltado para um thriller tenso do que para o horror, estilo preferido do diretor Víctor García, embora também assuma o caráter de um jogo muito perigoso.

Sendo assim, o tema que salta aos olhos nessa película é com certeza a culpa, quando Holly e Everett começam a se questionar se aquele relacionamento teria valido a pena. E o que é mais interessante é que não há tempo nem para perceber se os dois possuem alguma química ou sentimento verdadeiro um pelo outro além da luxúria, tamanha a tensão da situação em que são jogados logo no início do filme. Eles se tornam sombrios e começam a conhecer um lado de sua personalidade que não sabiam que tinham.

Forlani – bastante conhecida principalmente por seu trabalho no clássico Encontro marcado (Martin Brest, 1998) ao lado de Brad Pitt -, e Abel, funcionam muito bem juntos e, usando de uma história bem construída, fazem um filme instigante, mesmo que, depois de um começo bastante promissor, a solução final não tenha sido tão satisfatória assim, soando um pouco forçada. Não obstante, o filme tem seus méritos, o maior deles sendo o de manter o clima de suspense e a curiosidade no ar durante todo o tempo.

Por isso, ainda levando em conta que tudo foi feito da forma correta, desde as cores da paleta até a atmosfera construída, é uma pena que o final tenha sido desapontador, pelo menos para quem esperou algo da qualidade que Infidelidade prometeu. É que por mais que uma reviravolta na expectativa dos acontecimentos (o famoso plot twist) seja algo incrível, também é algo muito perigoso de se fazer. Ela precisa ser muito bem planejada e realizada para dar certo, o que não foi o caso do filme em questão, comprometendo a conclusão da película tão redondinha que nos estava sendo apresentada. Essa é a culpa que, infelizmente, García terá que carregar nessa sua boa produção que, por pouco, não foi ótima.

Publicado originalmente em O Cinema é

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

- Publicidade -spot_img

More articles

- Publicidade -spot_img

Últimas notíciais