Usando IA, um algoritmo criado por cientistas da Universidade de Montreal pode identificar vírus perigosos e os locais de maior risco
OLHAR DIGITAL – Antes mesmo de a Inteligência Artificial atingir habilidades inimagináveis — e antes até da pandemia de Covid-19 chegar em seu auge —, cientistas da Universidade de Montreal já desenvolviam um algoritmo capaz de prever interações entre mamíferos e vírus. A pesquisa queria justamente entender “pontos críticos” virais que precisariam ser monitorados.
A pesquisa
Os cientistas criaram um modelo de IA que pudesse destacar esses “pontos críticos” virais, que detectariam prováveis infecções e antecipariam, por exemplo, pandemias globais.
O projeto surgiu porque, segundo o professor do Departamento de Ciências Biológicas e líder da iniciativa, Timothée Poisot, só conhecemos entre um e dois por cento das interações entre vírus e mamíferos. Para piorar, esses conhecimentos ficam concentrados a apenas algumas espécies.
IA e o algoritmo
- De acordo com a pesquisa publicada em 24 de abril na revista Patterns, os pesquisadores tentaram prever quais tipos de vírus podem infectar quais espécies de mamíferos.
- Para isso, os cientistas usaram o CLOVER, um banco de dados aberto em que obtiveram descrição de 5.494 interações entre 829 vírus e 1.081 mamíferos (em sua maioria, animais selvagens).
- Eles também usaram um conjunto de dados (HP3, EID2 e GHMPD2) mais antigo e com alguns nomes desatualizados, o que alongou o tempo necessário para o aprendizado de máquina.
- Segundo Poisot, “a principal tarefa foi determinar o nível de confiança que tínhamos na capacidade de o modelo fazer previsões”.
- Tendo isso finalmente estabelecido, os pesquisadores puderam se concentrar nos 20 vírus com maior potencial de infectar humanos.
Locais de risco
Após treinarem as máquinas, obterem confiança em suas capacidades e identificarem as espécies mais perigosas, o algoritmo, então, conseguiu prever os locais em que eles podem ser encontrados.
A bacia amazônica e a África Subsaariana foram identificadas como zonas de interesses. Na primeira, a interação entre vírus-hospedeiro é mais original e, portanto, mais provável de acontecer. Já na segunda, o algoritmo detectou novos potenciais hospedeiros para transportar vírus zoonóticos (que venham de animais).
Agora, segundo Poisot, os cientistas sabem quais espécies devem monitorar, em quais locais e para quais tipos de vírus. Isso, porém, ainda é inicial e a pesquisa pode ser estendida para mais regiões do globo.
Com informações de Universidade de Montreal e New Atlas