O presidente chinês visitará Brasília na próxima semana, onde serão firmados acordos que abrangem comércio, investimentos e cooperação em diversas áreas
A visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, à Brasília, marcada para quinta-feira (20), representa um marco importante para as relações bilaterais entre Brasil e China. Durante sua estadia, o líder chinês se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada, onde serão assinados uma série de acordos em áreas que vão desde o comércio até ciência e tecnologia. O encontro reforça uma parceria estratégica que já dura mais de três décadas e visa consolidar ainda mais a cooperação entre as duas maiores economias da América Latina e da Ásia.
Aprofundamento da Parceria Política e Econômica
Segundo Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, a visita de Xi Jinping será uma oportunidade para os dois mandatários discutirem formas de ampliar a parceria política entre os dois países. Um dos pontos chave será a exploração de sinergias entre as políticas de desenvolvimento de ambos os países, além de estreitar a coordenação em temas regionais e multilaterais, com foco na governança global.
“Este é o momento para fortalecer ainda mais os laços entre Brasil e China, especialmente em áreas de interesse mútuo, como comércio, investimentos e sustentabilidade”, afirmou Saboia.
A relação entre os dois países tem raízes profundas: o Brasil e a China estabeleceram uma parceria estratégica em 1993, e em 2012, avançaram para uma parceria estratégica global. Essa aproximação tem sido um pilar importante para o Brasil em sua busca por uma maior inserção no cenário internacional.
Comércio bilateral em alta: 2023 bate recorde
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e os números comprovam esse status. Em 2023, as exportações brasileiras para o gigante asiático atingiram um recorde histórico de US$ 104,3 bilhões, superando os números das exportações para os Estados Unidos e a União Europeia somados.
O embaixador destacou que a visita de Xi Jinping será crucial para não só consolidar esse crescimento, mas também para diversificar a pauta comercial. Uma das prioridades é ampliar a exportação de produtos brasileiros com maior valor agregado, como alimentos processados e produtos da indústria de tecnologia.
Além disso, há negociações em andamento para aumentar a exportação de produtos agrícolas brasileiros para a China, enquanto o Brasil busca atrair mais investimentos chineses, especialmente em setores como infraestrutura e indústria.
Avanços em ciência, tecnologia e inovação
A parceria entre os dois países também se expandirá para áreas como ciência, tecnologia e inovação. Estão sendo discutidos acordos para fomentar a pesquisa e o desenvolvimento em novos campos como energia limpa, nanotecnologia, inteligência artificial e mecanização da agricultura familiar. A cooperação também inclui inovações em fontes de energia fotovoltaica e tecnologia nuclear.
Os setores financeiros também devem ser beneficiados, com novas iniciativas de colaboração envolvendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério da Fazenda e a B3, a Bolsa de Valores brasileira.
Desafios na geopolítica global: o impacto da relação com os Estados Unidos
Durante a entrevista, Saboia também foi questionado sobre a relação do Brasil com os Estados Unidos, especialmente após a eleição de Donald Trump. A ascensão de Trump e sua postura crítica em relação à China geraram especulações sobre um possível impacto nas relações entre os dois países. No entanto, o embaixador destacou que a relação do Brasil com a China é robusta e resistiu a diversas mudanças no cenário internacional.
“O Brasil sempre procurou manter boas relações tanto com os Estados Unidos quanto com a China. A nossa diplomacia é voltada para o diálogo e para a busca de soluções que beneficiem a todos”, afirmou Saboia.
O futuro da parceria Brasil-China
Com a visita de Xi Jinping, Brasil e China estão prestes a entrar em um novo capítulo de sua parceria estratégica. A expectativa é que os acordos assinados durante a visita ampliem ainda mais a cooperação econômica e política entre os dois países, com benefícios mútuos em diversas áreas. O momento é de consolidar um relacionamento que já é um dos pilares do comércio internacional e que promete gerar frutos significativos para o Brasil nos próximos anos.