As duras palavras de Nicolás Maduro contra o apoio dos EUA à oposição venezuelana
Em um novo ataque à política externa dos Estados Unidos, o presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou Washington de financiar uma rede de ex-líderes corruptos e criminosos para enfraquecer o governo de Caracas e desestabilizar a Venezuela. O presidente, que tomará posse para um terceiro mandato na sexta-feira, foi enfático ao declarar que os Estados Unidos têm usado seus recursos para apoiar ações de intervenções estrangeiras na América Latina e intensificar as pressões sobre seu governo.
Acusações de corrupção e intervenção
Maduro fez duras críticas às políticas americanas, especialmente em relação ao apoio que Washington tem dado ao Grupo de Lima, um pacto informal formado em 2017 por 12 governos latino-americanos com o objetivo de isolar a Venezuela. Para o líder venezuelano, os EUA estão patrocinando líderes de países vizinhos que, segundo ele, são “corruptos e delinquentes”, com o intuito de prejudicar a nação venezuelana.
“Cada palavra, cada mensagem, cada ato, cada passagem de avião – pagam, pagam, pagam, e o governo dos Estados Unidos e o Departamento de Estado estão lá com o cheque aberto”, afirmou Maduro durante um discurso na quarta-feira.
O fracasso do Grupo de Lima
Maduro destacou a queda do Grupo de Lima, afirmando que a aliança de países que apoiava a política de isolamento contra a Venezuela foi “derrotada” e hoje está praticamente esquecida. Ele desqualificou os membros da aliança, apelidando-os de “governos rastejantes e ex-presidentes” e acusando-os de práticas como pedofilia, corrupção e envolvimento com o tráfico de drogas. A crítica de Maduro vai além, com uma acusação direta contra o que ele chamou de “Sodoma e Gomorra” dos governos latino-americanos.
“O Grupo de Lima foi derrotado, um por um, eles caíram. Onde está o Grupo de Lima agora? Quem se lembra deles?”, disse o presidente venezuelano. “Agora querem reviver esse grupo com ex-presidentes corruptos que venderam suas consciências”, completou.
Mercenários e o plano contra a Venezuela
Em um episódio tenso, Maduro também anunciou a captura de sete “mercenários” acusados de planejar ações terroristas contra a infraestrutura do país, incluindo a vice-presidente Delcy Rodríguez. Entre os detidos estavam dois cidadãos dos EUA, dois colombianos e três ucranianos, que, segundo Maduro, seriam parte de uma rede internacional de conspiração contra o regime.
O presidente venezuelano ainda afirmou que, desde novembro, 125 militantes de 25 países foram detidos pelas autoridades venezuelanas. “Eles são de altíssimo nível, como nunca antes na história da Venezuela”, disse, destacando que entre os detidos estavam cidadãos americanos.
A continuação da política de confronto
A crítica de Maduro se estende à postura dos EUA desde o mandato do ex-presidente Donald Trump, que em 2019 iniciou uma série de ações para derrubar o governo venezuelano, incluindo o apoio ao opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou “presidente interino” da Venezuela. A administração de Joe Biden manteve a mesma linha de condenação a Maduro, considerando-o ilegítimo e mantendo as sanções econômicas.
Apesar da pressão internacional e da tentativa frustrada de Guaidó, que fugiu para os Estados Unidos em outubro de 2023, Maduro segue no poder e rejeita as alegações de que seu governo é ilegítimo, apontando o apoio dos EUA a figuras opositoras como um reflexo da intervenção estrangeira que ele busca combater.
O futuro das relações entre EUA e Venezuela
A retórica agressiva de Maduro, juntamente com as acusações de apoio a “mercenários” e figuras corruptas, indica que as relações entre a Venezuela e os Estados Unidos continuarão a ser tensas, independentemente de quem esteja no poder em Washington. A política de sanções e isolamento internacional continua a ser uma das principais ferramentas usadas pelos EUA para pressionar o regime de Maduro, mas o governo venezuelano segue firme em sua postura de resistir ao que considera uma agressão externa.
O futuro da Venezuela, que já enfrenta uma crise humanitária e econômica severa, continua incerto, com uma crescente polarização interna e uma intensificação do isolamento diplomático promovido por Washington e seus aliados regionais.