‘Máfia da Tora’ : criminosos tentam importar armas para atacar policiais em terra indígena no Pará

Leia mais

 

Grupo de Whatsapp composto por pessoas ligadas ao comércio de madeira discute compra de armamento contra agentes da Força Nacional na Terra Indígena Apyterewa

REPÓRTER BRASIL – Em um perturbador conjunto de mensagens obtidas pela Repórter Brasil, membros de um grupo de Whatsapp autodenominado “Máfia da Tora” estão debatendo a aquisição de armamento para atacar agentes da Força Nacional e outros órgãos envolvidos na desintrusão da Terra Indígena Apyterewa, localizada no Sul do Pará. As mensagens revelam uma ameaça séria e indicam uma preocupante disposição para a violência contra aqueles que tentam recuperar o território indígena invadido por madeireiros e pecuaristas.

As mensagens, que datam de outubro, vêm à tona em meio a uma megaoperação autorizada pela Justiça Federal e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para retomar a área destinada ao povo Parakanã. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Terra Indígena Apyterewa tornou-se o território indígena mais desmatado do país, resultando em consequências devastadoras para o meio ambiente.

O grupo de Whatsapp é composto por 225 pessoas ligadas ao comércio de madeira em diversos estados da região Norte. Nas mensagens, dois indivíduos discutem a aquisição de armas de fogo para atacar os agentes envolvidos na operação de desintrusão. Em uma das mensagens, um dos membros afirma:

“A vontade que dá é estar bem localizado com uma [arma] 357, entendeu, catar um por um e dar na cabeça, um satanás desse aí.”

Em uma troca subsequente, um segundo homem, que alega estar nos Estados Unidos, menciona um rifle conhecido como “Predator 308” e sugere que a arma resolveria o problema. Ele envia um vídeo de um caçador disparando o rifle em um veado.

Em grupo intitulado “Máfia da Tora”, com 225 pessoas ligadas ao comércio de madeira, membro fala em “receber a bala” policiais envolvidos na desintrusão da TI Apyterewa

A discussão continua com a comparação de preços da arma nos Estados Unidos e no Brasil, onde o rifle custaria significativamente mais caro. Os membros do grupo conversam sobre a possibilidade de importar a arma para o Brasil sem registro, evitando problemas com a fiscalização.

Após a discussão sobre a aquisição de armas, uma terceira pessoa comenta sobre a possibilidade de adquirir armas no Paraguai e compartilha informações sobre como fabricar uma bomba caseira usando explosivos e um cano de PVC para atacar as forças policiais.

A Repórter Brasil procurou o comando da operação de desintrusão da Terra Indígena Apyterewa em busca de uma resposta às ameaças, mas até o fechamento deste relatório, não houve retorno. Continuaremos monitorando a situação e atualizaremos o texto caso um posicionamento seja fornecido.

Morte durante a operação

As forças policiais se encontram divididas em duas bases da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) dentro da Terra Indígena Apyterewa, com maior foco de tensão na Vila Renascer, uma comunidade composta por 210 famílias. Há duas semanas, a Força Nacional admitiu a responsabilidade pela morte de Oseias dos Santos Ribeiro, que foi atingido por um tiro de fuzil. De acordo com o comando da operação, a vítima teria tentado desarmar um policial. Este incidente gerou um aumento significativo na tensão da operação e uma intensificação do lobby de políticos regionais para a paralisação da retomada do território Parakanã.

- Publicidade -spot_img

More articles

- Publicidade -spot_img

Últimas notíciais