Marine Le Pen, a extrema-direita quer tomar a França

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Le Pen luta para cumprir o sonho de de décadas da extrema-direita: chegar à presidência da França com um programa que, na verdade, não mudou

Com discurso concentrado no poder aquisitivo e uma imagem menos radical, Marine Le Pen luta para cumprir o sonho de de décadas da extrema-direita: chegar à presidência da França com um programa que, na verdade, não mudou.

“Venho buscar a força do povo. Sim, vencerei”, declarou na segunda-feira em um encontro com eleitores na Normandia (noroeste) a candidata do partido Reagrupamento Nacional (RN), que em 2017 perdeu o segundo turno para o liberal Emmanuel Macron por 66,1% a 33,9% dos votos.

Cinco anos depois, as pesquisa mostram que ela tem 10 pontos a mais nas intenções de voto, o que seria insuficiente para derrotar Macron. Mas seu avanço demonstra o sucesso de sua campanha em reduzir os temores sobre seu partido e demonstrar a capacidade de governar.

Caso consiga as chaves do Palácio do Eliseu, esta advogada de formação, de 53 anos, coroaria com sucesso a estratégia de apagar a imagem extremista do partido desde que assumiu, em 2011, o controle da então Frente Nacional (FN), fundada por seu pai.

Jean-Marie Le Pen conseguiu o feito de disputar o segundo turno em 2002, quando perdeu com quase 18% dos votos para o conservador Jacques Chirac, mas com a imagem de partido racista, antissemita e nostálgico da Argélia colonial.

Marine Le Pen foi afastando os membros de destaque desses setores, incluindo o próprio pai, enquanto outros cerraram fileiras com seu rival Éric Zemmour, que, segundo os analistas, busca ressuscitar a tradicional FN.

“Simpática”

No primeiro turno, “a mera presença de Éric Zemmour, visto como mais radical do que ela, tanto no conteúdo como na forma, reposicionou mecanicamente a imagem de Le Pen”, tuitou Mathieu Gallard, analista da Ipsos France.

A candidata do RN também tem se esforça para suavizar sua imagem e deixar para trás o acalorado debate com Macron de 2017, no qual foi criticada por sua “agressividade” e “falta de preparo”.

Le Pen “se faz de simpática e se aproveita disso. E, além disso, estamos acostumados com os extremos”, analisou o ministro da Agricultura, Julien Denormandie, sobre o crescimento da candidata rival em sua terceira eleição presidencial.

A política nascida em 5 de agosto de 1968 em Neuilly-sur-Seine, uma cidade confortável a oeste de Paris, visita feiras, sobe em tratores e dá entrevistas íntimas… para se diferenciar de Macron, que é visto como “arrogante”.

Nas entrevistas, costuma se apresentar como uma agricultora, criadora de gatos, em uma tentativa de normalizar sua imagem e solapar a “frente republicana” de partidos contra sua candidatura no segundo turno, indica um relatório da Fundação Jean-Jaurès.

De acordo com una pesquisa Ipsos/Sopra Steria, 57% dos franceses dizem que Le Pen provoca preocupação, contra 49% que afirmam o mesmo sobre Macron. Mas 50% acreditam que ela conhece bem os problemas da população, o dobro do registrado por seu rival centrista.

“Fundamentos da FN”

Em sua campanha, Le Pen se concentra nas críticas ao aumento dos preços da energia, em um contexto de temor sobre a perda do poder aquisitivo, e em garantir que não aumentará a idade de aposentadoria para 65 anos como propõe Macron, e sim reduzir para 60 em alguns casos.”

“Seu programa, no entanto, pouco mudou em relação aos fundamentos da Frente Nacional, como a imigração e a identidade nacional”, explicou recentemente à AFP Cécile Alduy, professora da Universidade de Standford (EUA).

Seus planos passam por reduzir a migração e combater a “ideologia islamista”: reservar as ajudas sociais aos franceses, acabar com a reagrupamento familiar e proibir o véu nos espaço público, entre outras propostas.

“Mas escolheu um vocabulário diferente para justificar: em nome do laicismo e dos valores republicanos e, até mesmo, do feminismo”, acrescentou Alduy, especialista no discurso de extrema-direita.

Vestida com roupas claras e com um sorriso no rosto, Le Pen escolheu se apresentar como a candidata da “paz civil” e da “unidade nacional”, e busca “fazer com que as pessoas esqueçam de quão rigoroso é seu programa”, segundo a Fundação Jean-Jaurès.

Marine Le Pen, conhecida por sua personalidade forte, se apresenta como uma “mulher moderna” e solteira. Esta mãe de três filhos se divorciou duas vezes, se separou de seu último companheiro e vive com uma amiga de infância a quem acolheu.

Voz do Pará com informações da AFP

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