Mega refinaria de ouro no Pará ligada a sócios acusados de comércio Ilegal de minério

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Além das relações espúrias, a implantação de uma mega refinaria de ouro no coração da Amazônia suscita preocupações tanto sobre a legalidade das operações quanto sobre as consequências para o meio ambiente e as comunidades locais

Repórter Brasil – Na pitoresca orla da baía do Guajará, em Belém (PA), está em construção um empreendimento que promete ser a maior refinaria de ouro do Brasil. A North Star, como é chamada, planeja refinar até 50 toneladas de ouro anualmente, equivalente a R$ 15 bilhões. Apesar de não termos uma data de início das operações, a North Star está destinada a redefinir o cenário de refino de ouro no país.

Edmilson Rodrigues (PSOL), prefeito de Belém, entregou pessoalmente a licença ambiental da North Star, em maio de 2022 (Foto: João Gomes/Comus)

A construção da refinaria começou mesmo antes de ser erguida, com um acordo entre o governador do Pará, Helder Barbalho, e seis gigantes da mineração para fornecer matéria-prima à North Star. No entanto, uma investigação da Repórter Brasil revela que alguns dos sócios envolvidos nesse empreendimento possuem históricos conturbados relacionados ao comércio ilegal de minério, tanto no Brasil quanto no exterior.

Entre os sócios, destacam-se membros da família de Roselito Soares, ex-prefeito de Itaituba (PA), um importante polo garimpeiro do Brasil. Os parentes de Soares estão ligados à Omex, que é uma das sócias da North Star. Curiosamente, o Ministério Público Federal acusou outra empresa associada a eles de comprar mais de uma tonelada de ouro irregular no Pará.

Outro sócio da North Star, Sylvain Goetz, foi condenado na Bélgica por comércio ilegal de ouro. Sua ligação com a refinaria não para por aí, pois a investigação também descobriu que seu irmão, Alain Goetz, tem conexões com a 24 Gold, outra sócia do empreendimento em Belém.

Imagem: Simão Jatene (à esquerda), então governador do Pará, celebra acordo em 2018 com Roselito Soares (gravata vermelha) (Foto: SecomPA / Divulgação)

Esses sócios envolvidos na North Star conduzem seus negócios em Dubai, um conhecido centro para o comércio de ouro com controle frágil sobre a origem do minério, o que levanta sérias preocupações. A questão se torna ainda mais complexa quando se considera que alguns desses sócios enfrentaram sanções nos Estados Unidos devido a atividades ilegais relacionadas ao ouro.

Em meio a essas preocupações, surge uma questão-chave: quem serão os futuros fornecedores de matéria-prima para a North Star? Empresas como a Gana Gold, que foi alvo de operações da Polícia Federal e teve seus donos presos por lavagem de dinheiro com compra de ouro ilegal, são uma das escolhas iniciais. A gigante canadense Belo Sun, que planeja uma mina de ouro a céu aberto no Pará, também está entre as fornecedoras comprometidas. No entanto, questões ambientais estão pairando sobre esse projeto.

Essa história complexa de uma mega refinaria de ouro no coração da Amazônia suscita preocupações tanto sobre a legalidade das operações quanto sobre as consequências para o meio ambiente e as comunidades locais. É uma narrativa que se desdobra à medida que mais detalhes emergem sobre essa parceria, que envolve sócios com um passado questionável no setor de mineração.

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