Moro diz ter recebido R$ 3,7 milhões de consultoria dos EUA

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Pré-candidato à presidência trabalhou para empresa americana que administra recuperação judicial de empreiteiras investigadas na Lava Jato

Depois de semanas de especulações, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sergio Moro, finalmente revelou a quantia que recebeu por serviços prestados para a consultoria americana Alvarez & Marsal.

Em uma transmissão ao vivo na internet nesta sexta-feira (28/01), o pré-candidato à presidência pelo Podemos disse que recebeu aproximadamente 3,7 milhões de reais para trabalhar como consultor do braço investigativo da empresa.

Moro disse que seu pagamento mensal era de 45 mil dólares (cerca de 241 mil reais), o que, com os descontos, daria 24 mil dólares (128 mil reais), além de um bônus de contratação de 150 mil dólares. Segundo afirmou, ele devolveu 67 mil reais à empresa por ter encerrado o contrato antes do tempo.

O contrato com a Alvarez & Marsal foi assinado sete meses depois de Moro ter deixado o Ministério da Justiça, após uma série de desavenças com o presidente Jair Bolsonaro, a quem acusou de interferir na Polícia Federal.

Ele trabalhou para consultoria americana até em 31 de outubro de 2021, antes de se filiar ao Podemos e se lançar como pré-candidato à presidência da República.

Suspeita de conflito de interesses

A polêmica em torna da contratação, e pelo alto valor pago ao ex-juiz conhecido por sua atuação na operação Lava Jato, é justamente o fato de a Alvarez & Marsal ter sido nomeada para administrar a recuperação judicial de empresas que foram alvos dessa mesma operação, através de sentenças assinadas pelo próprio Moro.

O Tribunal de Contas da União (TCU) instaurou, em dezembro do ano passado, um procedimento para averiguar um possível conflito de interesse.

O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado busca esclarecer possíveis prejuízos aos cofres públicos, em razão de suspeitas de que tivesse ocorrido a prática conhecida como revolving door (porta giratória), ou seja, quando um servidor público atua na iniciativa privada na mesma área em que trabalhava anteriormente.

A consultoria americana se recusou a divulgar os valores pagos a Moro e tentou lançar mão de precedentes no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que o TCU obtivesse as informações.

Ex-juiz se diz “perseguido”

Mais tarde, a empresa enviou documentos ao TCU onde consta o recebimento de 42,5 milhões de reais em honorários de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato no desenrolar dos processos de recuperação judicial. Essas empresas eram a OAS, o grupo Odebrecht e a Galvão Engenharia.

Em meio à suspeita de uma promiscuidade entre o juiz da Lava Jato e a consultoria encarregada da recuperação judicial das empresas, Moro assegurou que seus serviços não eram relacionados à atuação da ramificação brasileira do grupo americano e, portanto, não teriam ligação com os processos que coordenou quando juiz. Ele, porém, não revelou quais serviços teria prestado.

O pré-candidato, já em clima de campanha eleitoral, passou a dizer que estava sendo perseguido por ter liderado o combate à corrupção.

Na quarta-feira, Moro tentou minimizar a polêmica gerada em torno do valor recebido junto à Alvarez & Marsal, ao afirmar ao jornal Folha de S. Paulo que as somas “não chegavam nem perto” dos milhões de reais que vinham sendo especulados na imprensa.

Voz do Pará com informações do DW

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